A era dos problemas inéditos

“Vive-se hoje nas empresas uma fase em que proliferam problemas inéditos para os quais não existe uma única solução.”

Revista Exame, 28.01.98

Há um certo sentimento, bastante disseminado no meio daqueles que têm a responsabilidade de gerir empresas e organizações de um modo geral, de que “antes, as coisas eram mais fáceis“.
Não existiam tantos concorrentes, os negócios eram mais protegidos, os clientes não eram tão exigentes, não tinha tanta informação para ser conhecida, os empregados eram mais “dóceis”, havia menos sofisticação de produtos, etc. Talvez a simplicidade fosse ilusória mas, de qualquer forma, vista de hoje, a realidade parecia mais amena.
A realidade atual, mais exigente, expõe problemas novos que não podem ser resolvidos de modo tradicional. Exigem heterodoxia e consciência de que enfrentá-los significa, no mínimo, trocá-los por outros de natureza diferente.

“É cada vez mais claro que grande parte dos conflitos e problemas são criados na própria tentativa de resolvê-los.”

Will McWhinney, citado por Robert Ziemer, no livro “Mitos Organizacionais – o Poder Invisível na Vida das Empresas”, Editora Atlas, São Paulo, 1996

Na prática, foi decretado o fim da “tranqüilidade” na gestão das empresas. Gerir em tempos turbulentos significa estar em constante “estado de alerta”, tentando sempre a troca dos problemas e conflitos por outros “menores” ou “melhores”, sem a ilusão de eliminá-los completamente.
Nesta verdadeira guerra sem tréguas pela sobrevivência no mercado, todas as alianças são importantes: parceria com os empregados, com os fornecedores, com os clientes e, mesmo, com os concorrentes, naquilo que for vantajoso para os dois lados.
Por incrível que pareça, todavia, o maior inimigo nesta batalha está dentro e não fora da empresa. Trata-se da mentalidade saudosista do gestor. Pior ainda se for a saudade do sucesso obtido no passado. Ela é péssima conselheira. Não são poucas as empresas no mundo que quebraram pela insistência em enfrentar novos problemas emergentes com as mesmas abordagens que deram certo para os problemas antigos.

“A verdadeira dificuldade está não em aceitar idéias novas, mas livrar-se das idéias antigas.”

Lord John Maynard Keynes, 1883-1946, famosíssimo economista inglês, citado por Joelmir Beting, em sua coluna de 13.12.97

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