Desarmar a "bomba-relógio"

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    Um economista do segundo escalão do Banco Mundial, Homi Kharas (Chefe de Imagem 68.JPGOperações do BIRD para o Brasil), fez um comentário que caracteriza bem a política econômica em vigor: “Há uma bomba-relógio montada no Brasil. A estratégia de juros altos tem limites que nem os responsáveis pela política monetária conhecem” (Veja, 24.04.96).
    De fato, 22 meses depois de lançado e 16 após a posse do seu formulador e condutor, o Plano Real tem como base de sustentação uma mistura explosiva de câmbio engessado e juros altos que tem mantido a inflação baixa à custa de recordes de pedidos de falência e concordatas de empresas e da inadimplência dos consumidores.
    Segundo Delfin Netto, “existe uma armadilha cambial que construiu uma restrição externa que impede o crescimento e torna mais difícil o equilbrio orçamentário. Desta forma, fica cada vez mais difícil abandonar a política monetária que se sustenta nos juros elevados e que vai pouco a pouco destruindo as finanças públicas, as finanças das pequenas e médias empresas nacionais e aumentando os riscos do sistema bancário” (Folha de São Paulo, 17.04.96).
    A verdade é que a estabilidade de preços tem bases muito frágeis e embora o país não esteja às vésperas de uma crise, chegará inevitavelmente nela se não corrigir a rota e não fizer os necessários ajustes, fiscal e do Estado. Por enquanto, está se endividando e provocando endividamento das empresas, de modo perigoso.
    Tentar regular o défict da balança comercial (por conta do câmbio engessado) segurando o crescimento abaixo do que é possível e necessário com juros muito altos, só funciona por tempo limitado por que o juros acabam destruindo a economia pelo aumento da dívida pública (que dobrou nos últimos 12 meses) e pelo estrangulamento do caixa das empresas.
    Como não se consegue vislumbrar a mudança deste quadro no curto prazo (pois continua o “imbróglio” das reformas e o presidente declarou recentemente que “a estabilidade será segurada a qualquer custo”), sobra para as empresas a tarefa de continuar pilotando com todo cuidado, inclusive alerta para desarmar, logo, qualquer bomba-relógio de fabricação caseira que aparecer pelo caminho.