A contribuição dasmulheres para a gestão

 
Como pode ser visto no GH 318, as mulheres brasileiras já ocupam 40% do mercado de trabalho, são mais instruídas que os homens, são maioria na Internet, são responsáveis pela maior parte do consumo e são as mais empreendedoras do mundo. Todavia, ocupam menos de ¼ dos postos de comando nas organizações e nas empresas. Por que?
Em primeiro lugar, certamente, ainda devido ao peso da milenar representação de supremacia masculina. Afinal, o ambiente empresarial, competitivo por definição, sempre foi tido e havido como “lugar de homem“. Como o trânsito.
A propósito, o trânsito oferece um interessante paralelo para o que acontece nas empresas. Considerado um ambiente masculino por excelência, as ruas vêm sendo, como o mercado de trabalho, paulatinamente “invadidas” pelas mulheres. O resultado é reconhecido pelas companhias de seguros: apesar de já ocuparem um percentual expressivo do universo de motoristas (igual ao do mercado de trabalho?), as mulheres só são responsáveis (segundo reportagem da revista Veja de 10.11.99) por 25% dos acidentes e, em geral, envolvendo colisões pequenas.
Deduções que podem ser feitas: as mulheres são menos imprudentes e têm uma visão mais utilitária dos veículos que os homens para os quais o carro pode ser tido como uma espécie de instrumento de impetuosidade, uma forma de extensão de sua “masculinidade”.
O paralelo com as empresas é evidente: a competição pelos cargos de direção tem-se dado conforme parâmetros “masculinos” e as mulheres, por estilo, terminam se eximindo de entrar na disputa.
O interessante é que a reportagem da Veja destaca um outro aspecto digno de registro: “elas poderiam evitar os pequenos acidentes se treinassem um aspecto no qual apresentam grande deficiência – o reflexo. E se prestassem mais atenção aos trajetos. Muitos acidentes envolvendo mulheres acontecem porque as motoristas tentam virar à direita ou à esquerda repentinamente, sem dar chance ao carro de trás de frear a tempo“.
Um dos entrevistados chega a arriscar uma receita para a melhoria do trânsito, a partir da melhoria do desempenho de cada um dos gêneros:

“Os homens teriam a ganhar se fossem tão prudentes quanto as mulheres. E elas seriam melhores motoristas se fossem mais atentas ao que acontece à sua volta.”

Luiz Carreira Júnior, piloto, Veja, 10.11.99

Convertendo a sugestão para a realidade do trabalho, poder-se-ia dizer que as empresas teriam muito a ganhar se pudessem conciliar de forma produtiva prudência, impetuosidade e atenção concentrada no que está acontecendo à sua volta. Em outras palavras: se puderem conciliar de forma produtiva na sua gestão as boas características tanto dos comportamentos masculinos quanto dos femininos.
Segundo a revista Exame (24.01.2001), as pesquisas apontam traços diferentes nos estilos gerenciais de cada gênero. Os masculinos são: ousadia, autoconfiança, decisão, objetividade. Os femininos: empatia, apoio, desenvolvimento, construção de relacionamentos e compartilhamento (de poder e informações). Sem falar no uso da intuição e na facilidade de trabalhar em equipe.
É evidente que, para a gestão de uma empresa, são traços que se complementam. A empresa gerenciada com exclusão de uma parte dessas qualidades perderia em competitividade. O futuro reserva às mulheres, no âmbito da moderna gestão empresarial, um lugar não só requerido, como essencial. Boas perspectivas, senhoras e senhoritas!

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