A necessária redundânciada informação na hora de decidir

 
Um dos pressupostos básicos de nossa época sem tempo a perder é o da unicidade da informação. Nada de redundâncias. As mensagens devem ser diretas, sem dubiedade. A propaganda, um dos ícones da nossa era, é implacável na adoção desse princípio.
“Um anúncio nunca é suficientemente grande para conter duas mensagens simultaneamente.”
Revista Exame Portugal, fevereiro/1998
Na gestão empresarial moderna o princípio da unicidade da informação funciona como um ideal a ser continuamente perseguido no emprego das chamadas boas práticas administrativas. Economia de meios e intolerância à redundância, uma vez que toda duplicidade é sinônimo de desperdício.
No que diz respeito aos sistemas de informação, então, o pressuposto da unicidade é levado às últimas conseqüências. Só são aceitas informações de uma fonte por vez e o resultado do processamento deve ser tido como a verdade única.
Alguma dúvida sobre isso? Infelizmente, sim. Talvez tudo fosse mais fácil se esse princípio pudesse ser adotado sem problemas. Todavia, as coisas não funcionam como nos manuais dos sistemas de informação por uma razão simples: o mundo é imperfeito e nem toda fonte de informação é confiável. Além do mais, a teoria da relatividade veio nos provar que, na natureza, não há uma “verdade”, mais “verdades” e, sobretudo, diversidade.
“Não há no mundo duas opiniões iguais, dois fios de cabelo iguais, dois grãos de areia iguais. A mais universal das qualidades é a diversidade.”
Michel de Montaigne, 1533-1592, filósofo francês
Por intuírem isso, os administradores, sejam eles preparados ou não, sempre buscam mais de uma opinião sobre a mesma questão para embasar suas decisões. Se não for louco ou inconseqüente, nenhum gestor que se preze decide com apenas uma fonte de informação se puder contar com, pelo menos, uma outra.
O general Golbery, um dos expoentes do regime militar de 1964 no Brasil, tido por muitos como um ardiloso estrategista político, define numa frase esse cacoete do gestor padrão no estímulo à redundância da informação.
“Não interrompa uma pessoa que lhe conta algo que você já sabe. Uma história nunca é contada duas vezes da mesma maneira e é sempre bom ter mais de uma versão.”
Golbery do Couto e Silva, 1911-1987, ex-ministro
Pode-se até dizer que uma decisão será tanto mais segura quanto mais informações de fontes diferentes tiver o gestor antes de tomá-la. Mesmo porque não é de se esperar que decisores tomem decisões fáceis. A razão de ser deles está, justamente, no fato de precisarem decidir sobre questões difíceis e complexas.
“Faz uns 20 anos que um alto executivo da AT&T me disse que, se lhe apresentassem um problema que ele fosse capaz de resolver imediatamente, haveria algo de errado na organização. Esse problema deveria ter sido resolvido um ou dois níveis mais abaixo. ‘Eu sou pago para me ocupar de questões complexas’.”
Tom Peters, revista HSM Management nº 32
Em relação às questões complexas e na tomada de decisões difíceis não se pode correr o risco de decidir com base em informações de uma única fonte. Ela pode estar errada, equivocada ou direcionada. O gestor experiente ouve, pelo menos, mais uma fonte. Ou seja, por uma questão de segurança faz uma checagem. Adota a “regra do carpinteiro”, com réguas diferentes.
“A regra do carpinteiro é: meça duas vezes, corte uma.”
Stephen Covey, consultor norte-americano

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