A receita de Washington

    A cidade de Washington, por ser a capital dos EUA, é também o centro mundial das preocupações com os rumos do capitalismo e com a saúde das finanças internacionais. Não é por acaso que lá estão instaladas as sedes do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (BIRD) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de outras instituições do tipo.
    Em 1989, John Willianson, economista do Institute of International Economics de Washington, redigiu um documento contendo dez princípios que, segundo ele próprio, procuravam sintetizar “o mínimo denominador comum” do que julgava fosse aceitável por todos em Washington sobre os rumos do ajustamento das economias latino-americanas (Folha de São Paulo, 08.10.96). Esse decálogo ficou conhecido como o “Consenso de Washington”. Desde então, o Consenso vem sendo acusado de ser os dez mandamentos do neo-liberalismo na América Latina.
    O fato é que, passados seis anos do lançamento do manifesto e mais de dez de história dos planos de estabilização na América Latina, Willianson redigiu uma nova versão e apresentou num seminário do BID no início de setembro passado. 
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    Independente de se gostar ou não do fato de instituições de Washington ficarem mandando recados e recomendando receitas para os outros, é interessante notar a mudança de conteúdo da versão antiga para a atual. Enquanto em 89 a ênfase era na estabilização da economia, hoje parece ser na governabilidade pós-estabilização. O recado parece ser este: não adianta só estabilizar, é preciso garantir as condições para a continuidade. É justamente essa, a principal crítica que se faz, hoje, ao processo brasileiro.
    Merece especial destaque o item 10. O problema da educação no Brasil é tão gigantesco que a própria Confederação Nacional da Indústria (CNI) acaba de fazer chegar ao Governo Federal o documento “Competitividade: Proposta dos Empresários para a Melhoria da Qualidade da Educação”, onde propõe que as empresas desenvolvam processos de educação continuada que incluam tanto a educação básica, quanto a profissional e a superior. Mas, isso já é assunto para outro Conjuntura & Tendências.

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