Contradição não é defeito

Imagem 77-1.bmp     Geralmente, quando se fala em contradição, logo vem à mente a idéia de incoerência, confusão, falta de harmonia. Por isso, quando a opinião de alguém não está muito clara, não é difícil que seja considerada “contraditória.”
     Se a contradição representa essas coisas, deve-se, então, procurar eliminá-la, logo quando surge (e, como surge!) no dia-a-dia empresarial?
     Não, necessariamente.
     Antes de significar incoerência, a contradição expressa oposição entre duas forças sobre uma determinada questão. É dinamismo: um lado se mobiliza para transformar, o outro resiste para permanecer como está.
     Não é só de audácia que é construído o sucesso empresarial. Nem muito menos de prudência exclusivamente. A observação do desempenho das empresas bem sucedidas mostra que elas tecem o sucesso com uma fibra mista de ousadia (para criar coisas novas) e conservadorismo (para preservar o conquistado).

                                  Imagem 77-2.bmp                                     Portanto, não há nada de mau no fato de existirem, numa empresa, opiniões opostas (e, portanto, contraditórias) sobre opções de investimento ou alternativas de produtos a serem lançados, por exemplo. Pelo contrário, até. É muito rico e, mesmo, vital que se dê este embate. É benéfico que aflore a contradição entre ousar mais, ou menos. 

     Há, entretanto, uma condição para usufruir do benefício: é fundamental que as posições contraditórias não sejam paralisantes. Que haja boa vontade e senso estratégico para tirar partido do princípio ativo da contradição sem que ele, pelo excesso, envenene a competitividade.
     Para isto, a experiência tem mostrado que é preciso esquecer o ideal de harmonia e de consenso na vida empresarial, estimulando ao mesmo tempo, a discussão e a contraposição produtiva de idéias.
     Neste contexto, a contradição não só é inevitável como necessária para as empresas pois confronta o medo e o desejo, o limite e a possibilidade, a perda e o ganho. Só se torna incoerência para quem não quer, ou não consegue, enfrentá-la.
     A empresa competitiva, numa economia cada vez mais globalizada, procura fazer de suas contradições internas, já que inevitáveis, um instrumento de ação mercadológica. Preocupa-se com o desenvolvimento da capacidade de trabalhá-las produtivamente, transformando as forças opostas em mecanismos de avaliação dos ganhos e dos riscos de suas ações mais ousadas. Isto, se bem feito, permite a conquista consequente de novas fronteiras.

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