A publicação dos resultados da pesquisa anual “Maiores e Melhores” da Revista Exame (julho/1997), dentre outras interessantes informações sobre o desempenho das 500 maiores empresas no Brasil, começa com esta constatação: “as principais angústias diagnosticadas pelo Brasil empresarial ao final de 1995 estão presentes e praticamente imutáveis na formação dos resultados das melhores e maiores empresas em 1996”.
De fato, do ponto de vista das condições macroeconômicas de sustentação do Plano Real, há praticamente dois anos que não se verificam mudanças significativas, o que configura uma situação que se poderia chamar de “estabilidade instável”, principalmente em se tratando do médio e longo prazos.
No que diz respeito, todavia, ao desempenho das empresas, a pesquisa aponta um resultado interessante: crescimento real de 4,8% nas vendas e queda de 4,2% nos lucros.
Essa situação aparentemente paradoxal parece apontar o seguinte: enquanto as condições macroeconômicas permanecem “estáveis”, pelo menos no curto prazo, está-se operando uma mudança importante no funcionamento das empresas, dadas as novas condições competitivas. Agora, é preciso produzir melhor, vender mais e contentar-se com ganhos menores.
Segundo José Roberto Mendonça de Barros, Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, na Folha de São Paulo de 30.06.97, quatro fatores podem ser apontados como responsáveis pelas mudanças no meio ambiente empresarial:
1. A Abertura que aumentou a grau de concorrência pelas importações.
2. A Globalização que deu novos contornos e condicionantes às estratégias empresariais.
3. A Estabilização que mudou a forma de operação das empresas.
4. A Privatização que mudou a lógica de organização de vários setores.
Para ele, “a junção desses fatores fez com que a estratégia vencedora de gestão patrimonial e financeira das empresas no tempo da inflação alta fosse justamente a mesma que assegura o fracasso agora. Antes, a boa gestão recomendava a imobilização (a sede em prédio próprio era uma forma de preservar o valor do dinheiro contra a inflação, por exemplo) e giro de capitais de terceiros. Agora, os juros reais elevados recomendam o oposto, desmobilização e dinheiro em caixa para escapar dos empréstimos.”
Em termos de gestão empresarial, muita coisa está mudando e, pelo andar da carruagem, muita coisa ainda vai mudar. O sucesso do passado tem sido, cada vez mais, mau conselheiro em relação ao futuro.