Três cenários possíveis sobre aevolução da grave crise política atual


William Waack, jornalista da Rede Globo e âncora do excelente GloboNews Painel, na abertura do programa do último final de semana, comentou que quando a atual crise política começou ela produzia fatos importantes a cada mês, depois passou para cada semana, depois para cada dia e, agora, dá a impressão de produzir fatos novos a cada hora.
De fato, pela profundidade e extensão, a crise política que atinge em cheio o governo, o partido do presidente e a base aliada, já se configura como uma das mais sérias da história recente do país. Diante deste quadro que ganha a cada momento contornos mais dramáticos, a pergunta que todos fazem é: em que isso tudo vai dar? Infelizmente, todavia, não é possível responder com certeza a essa pergunta por uma razão elementar.
“Simplesmente não é possível prever o futuro com um razoável grau de certeza. Um velho provérbio árabe diz: aquele que prevê o futuro mente, mesmo se disser a verdade.”
Peter Schwartz, presidente da Global Business Network
No livro de onde foi tirada a frase acima (“A Arte da Visão de Longo Prazo – Planejando o Futuro em um Mundo de Incertezas”, Editora Best Seller, 2003, São Paulo), o autor defende o planejamento por cenários para ajudar a responder perguntas como a que nos aflige no momento.
A propósito do tema, merece destaque o livro “Quatro Cenários para o Brasil 2005-2007”, de autoria de Cláudio Porto (org.), Elimar Nascimento, Enéas Aguiar, Rodrigo Ventura e Sérgio C. Buarque (Editora Garamond, 2004, Rio de Janeiro). Trata-se de um trabalho muito bem fundamentado sobre os futuros possíveis para o país no horizonte do atual governo e para além dele.
Todavia, no curtíssimo prazo, para responder à pergunta “em que vai dar tudo isso?”, podemos concentrar as alternativas em três cenários possíveis (otimista, livre de surpresas e pessimista), desdobrados a partir da crise atual até o fim do presente mandato, com o foco concentrado na figura do presidente. Nesta perspectiva, temos algo do seguinte tipo:
1.Presidente Forte (Cenário Otimista): apesar da gravidade das denúncias, o presidente consegue retomar o comando da ação política, restaurando a governabilidade, sem precisar fazer grandes concessões. As apurações são feitas e punidos os culpados sem que o presidente seja pessoalmente atingido. Com isso, preserva-se a sua capacidade de concorrer à reeleição com boas chances de vitória.
2.Presidente Fraco (Cenário Livre de Surpresas): dada a gravidade das denúncias e a acelerada deterioração da capacidade de controle da cena política por parte do governo, o presidente é levado a concordar com um acordo fechado com a oposição para evitar que a situação se deteriore a ponto de desaguar num impeachment. Com isso, a possibilidade do presidente ser bem sucedido na campanha eleitoral baixa significativamente. Isso se, como parte do acordo, ele não for obrigado a desistir da candidatura à reeleição.
3.Presidente Fora (Cenário Pessimista): o crescimento e o volume das denúncias e das investigações chegam a um nível tal que o governo perde completamente a capacidade de intervenção. O presidente é atingido pessoalmente e fica tão debilitado que é levado a renunciar para não ter aberto contra ele um processo de impeachment.
No momento, o ambiente está tão conturbado e é tão grande a incerteza sobre o que ainda há para ser revelado que, mesmo com a explicitação desses cenários possíveis, ainda é muito grande a dificuldade de opinar sobre a probabilidade de ocorrência de um ou dos outros. Ou seja, está muito difícil, ainda, caracterizar o Cenário Mais Provável. Para ajudar nessa reflexão, talvez valha a pena rememorar situação parecida, em termos de instabilidade, vivida pelo governo FHC, quando o real foi desvalorizado em 1999, ocasião em que o Gestão Hoje também construiu cenários possíveis (ver número 207).

1 comentário em “Três cenários possíveis sobre aevolução da grave crise política atual”

  1. eu acho que esta crise não vai ser resolvida por nenhum papa da economia pois foi eles mesmos que por ganancia e egoismo causaram;por exemplo:a industria a cada dia fez mais e mais barato colocando maquinas robôs para trabalhar e a cada dispençando pessoas esquecendo que eles não consomem ai quebrou a corrente do capitalismo.

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