US$ 300 bilhões em 6 anos

“Esse país, feio, rico, pobre, lindo, qu’eu não sei pr’onde onde tá indo mas sei que chega lá.”

Antônio Nóbrega e Wilson Freire, na música “Na Pancada do Ganzá”, do CD do mesmo nome

Imagem 138.JPG    Luiz Fernando Levy, diretor-presidente da Gazeta Mercantil, no pronunciamento feito em João Pessoa, dia 19.09.97, durante a solenidade de homenagem aos líderes empresários da Paraíba, eleitos pelos assinantes do jornal no estado, a exemplo do que já havia feito na homenagem aos líderes pernambucanos em agosto passado, alertou para a grande mudança pela qual o país vai passar nos próximos seis anos quando estarão sendo investidos, de acordo com estimativas feitas pelo Gazeta, US$ 240 bilhões em projetos privados (com recursos principalmente externos) e US$ 56 bilhões no Programa Brasil em Ação do Governo Federal.

    Na presença dos empresários homenageados (Diomedes Teixeira de Carvalho, PROSERV – Serviços, Peças e Veículos; Evaldo da Silva Brito, HA Brito; Francisco de Assis Costa, Supermercados Boa Esperança; José Carlos da Silva Junior, Grupo São Braz; e do representante de Roberto Cavalcante Ribeiro, Polyutil), e dos convidados, Levy foi enfático ao afirmar que o impacto das mudanças provocadas por esses investimentos “reprodutivos”, único na história do pais, vem vindo com uma rapidez impressionante. Estima que dentro de dois anos faltará mão de obra primária em várias partes do país.

    Entende que o Brasil está saindo de um estilo de desenvolvimento unipolar (concentração de investimentos nas regiões Sul e Sudeste) para um outro onde predomina a multipolaridade, sendo todas as regiões contempladas, destacadamente o Nordeste. Segundo ele, “não há nenhum estado brasileiro onde não serão feitos investimentos de porte.”

    Para ilustrar sua crença neste cenário citou o caso da própria Gazeta Mercantil cuja estratégia, ao contrário da grande imprensa nacional concentrada na região Sudeste, consiste na implantação, até 1998, de escritórios locais do Jornal em todas as 27 capitais estaduais, inclusive dos antigos territórios, com o objetivo de registrar os fatos regionais e fazer o jornal chegar mais cedo na mão do leitor. Chamou isso de “cruzada da democratização da informação econômica.” Anunciou, inclusive, o início da impressão da Gazeta em Recife, ainda este ano.

    Não deixou de alertar, também, para o outro lado da moeda deste cenário de forte investimento: o agravamento do quadro social com o crescimento do grupo dos excluídos, formado pelos desempregados “qualificados”. Aqueles que perderam os empregos devido aos processos de modernização e melhoria da competitividade implantados pelas empresas e pelos esforços de equilíbrio orçamentário empreendidos pelo setor público. Estima que, só em São Paulo, o número das pessoas nesta condição já chega à casa de um milhão, o que tem incentivado, inclusive, a ampliação do Movimento dos Sem Terra.

    Chamou a atenção de todos para a estrategicidade do momento que está sendo vivido hoje e para a importância da consciência da elite empresarial para as mudanças que terão que ser feitas no país e nas empresas, com destaque para o desenvolvimento do conceito de integração do Brasil na América do Sul. Conclamou todos a pensarem, do ponto de vista comercial, na “Nação Mercosul” e no grande mercado que representa (“Amercosul“). Lembrou que a importância desse mercado é tão grande que sofre o forte boicote dos Estados Unidos.

    É preciso que os empresários estejam conscientes, preparem suas empresas e estejam prontos para apoiar e cobrar as medidas necessárias ao desenvolvimento social do país. 

“Haverá um aumento fantástico da competitividade porque, junto com o dinheiro para investimento, vêm as empresas modernas.”

Luiz Fernando Levy

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