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A pessoa ética no lugar certo

No número anterior, por engano, Roland Barthes, autor da frase “profissional de talento é aquele que soma 2 pontos de esforço, 3 pontos de talento e 5 pontos de caráter”, foi qualificado como sociólogo francês. Barthes (1915-1980), na verdade, foi crítico literário e semiólogo, autor de livros como “O Sistema da Moda”, “O Prazer do Texto” e “Mitologias.” Formado em Letras Clássicas pela Sorbonne, exerceu forte influência sobre intelectuais de várias partes do mundo, tendo sido diretor da Escola Prática de Altos Estudos, da Universidade de Paris e pertencido ao Colégio de França, instituto que reúne os mais renomados sábios daquele país.

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A volta do crescimento

A divulgação recente de dois indicadores conjunturais não parece deixar dúvidas: a economia brasileira está no meio de um ciclo de crescimento. No primeiro semestre de 2000 a indústria operou o mais alto nível de produção dos últimos 25 anos (com crescimento acumulado em 12 meses, segundo o IBGE, de 4,2%). Nesse mesmo período do ano, o crescimento total do PIB foi de 3,84%, a terceira maior alta da década. Outra peculiaridade: o crescimento trimestral do PIB foi o sexto consecutivo desde janeiro de 99, mês da desvalorização cambial.

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Pensar global ou local?

No ano passado a marca Coca-Cola, a mais valiosa do mundo, estava estimada em US$ 83,8 bilhões. Este ano, segundo pesquisa da Interbrand divulgada em julho, sofreu uma desvalorização de 13%, passando a valer US$ 72,5 bilhões. Com esse decréscimo, apesar de continuar em primeiro lugar, a Coca-Cola encosta na marca Microsoft, estimada em US$ 70,2 bilhões (um acréscimo de quase 25% em relação à estimativa anterior, apesar do processo que sofre nos EUA por práticas monopolistas).

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Um presidente fragilizado

Num país de tradição patriarcal como o Brasil, a figura do presidente da República tem uma importância por certo muito maior do que em outras nações com tradição democrática mais consolidada. O regime presidencialista (onde o presidente acumula as responsabilidades de chefe de estado e chefe de governo) reforça ainda mais esse aspecto. Uma pequena provocação: quem sabe o nome do presidente da Itália? Ou da Alemanha? Ou de Israel? Não é por acaso que quando comparamos uma fotografia dos presidentes brasileiros no início com outra no final do mandato vemos como foi severa a ação do tempo: fisionomia abatida, cabelos muito mais brancos, rugas bem mais profundas… Não deve ser fácil acumular tanta responsabilidade (e tantas expectativas), por mais preparado ou estimulado que esteja o ocupante do exigente cargo. Com um agravante: presidente no Brasil não consegue tirar férias, no máximo imprensa uns feriados numa praia cheia de fotógrafos…

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Distância suficientemente boa

Tancredo Neves foi um político emblemático da segunda metade do nosso século. Ministro de Justiça do presidente Getúlio Vargas, recebeu das mãos dele, momentos antes do mais rumoroso suicídio da história republicana, a caneta com a qual teria sido assinada a famosa carta-testamento. Parlamentar destacado, governador de Minas Gerais, presidente eleito, Tancredo, adoecendo na véspera da posse, morreu sem realizar o sonho para o qual se preparou a vida inteira. Todavia, deixou um legado político que inclui diversas histórias, observações sagazes e frases que lhes são atribuídas, dentre elas a seguinte:

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Quem não quer ser freguês?

A palavra está desgastada porque historicamente foi substituída por cliente. Mas o que conta é o espírito dela. Freguês era aquela pessoa conhecida pelo padeiro, merceeiro, açougueiro, verdureiro, farmacêutico etc. Todos sabiam seu nome, seus hábitos de consumo, concediam-lhe crédito sem qualquer exigência burocrática, perguntavam pela família, faziam sugestões, opinavam. Em suma, alguém que existia fisicamente e era reconhecido em sua singularidade. Era um integrante da freguesia (coletivo de freguês mas, também, paróquia, circunscrição territorial, proximidade…).

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Cronicamente inviável?

Há um filme brasileiro recentemente lançado com este título: “Cronicamente Inviável.” É do cineasta paranaense, radicado em São Paulo, Sérgio Bianchi. A força da película está, segundo Fernando de Barros e Silva, editor do “Painel” da Folha de S.Paulo (na edição de 13.07.2000), na “abordagem antropológica que faz do Brasil, como se nos dissesse que somos uma ’sociedade de índios’, que sobrevive e se reproduz idêntica a si mesma há 500 anos, não apesar, mas justamente por ser cronicamente inviável (…) sua história é circular – ou gaguejante – e o progresso nela se faz à custa do atraso, que reproduz indefinidamente, deixando intacta a desigualdade social, o tema do filme.”

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É comum dizer que a competição acirrada causa estresse. Associando as atividades empresariais à imagem da guerra (“marketing de guerra”, “estratégias de guerra”, “a arte da guerra para executivos”, etc), a idéia se reforça com a imagem de que competir é estar numa “luta de vida ou morte”.

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