Economia

Por que o câmbio mudou?

    Apesar de, já algum tempo, ser algo considerado inevitável, a mudança do câmbio tão cedo pegou todo mundo de surpresa, no início da semana passada.     Não se sabe ao certo, ainda, o que faz o governo mudar de idéia antes de maio, ou seja, da eleição na Argentina e do ajuste fiscal (qua vai permitir o lançamento da verdadeira âncora do real: a fiscal).     Talvez, tenha-se rendido rapidamente ao fato de que, como disse Simonsen, “inflação esfola, mas crise cambial mata.”     O certo é que a viagem do presidente ao Chile, de onde veio dizendo-se surpreendido pelos fatos… e a do ministro Malan aos EUA precipitaram a decisão.     Mais cedo do que tarde, entretanto, o câmbio muda, na esfera econômica, para equilibrar as contas externas e garantir as reservas cambiais, o grande trunfo macroeconômico que o país tem.     Na esfera psicossocial, as mudanças foram sinalizar que o governo tem o controle do processo de ajuste do plano, assegurando condições objetivas para organizar gradualmente a economia. Vale dizer : corrigir excesso de consumo de faixas da população (que alimenta a subida de preços) e reduzir a velocidade das taxas de crescimento do PIB (que provocam distorção no equilíbrio entre oferta e procura).     Acontece que, na execução das medidas tomadas, a inadequada articulação administrativa e política do governo terminou por provocar um grande tumulto no mercado e submeter o Plano Real a um duríssimo teste desnecessário. A semana terminou com o governo tendo que jogar pesado para retomar o controle da situação. Teve sucesso, pelo que parece demonstrar a alta de 25% do índice da Bolsa de São Paulo na sexta-feira.      Os efeitos prováveis de mudança cambial são:      Essas mudanças ajustam o cronograma da ancoragem do Plano Real, como se pode ver abaixo:

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Carnaval: uma vantagem competitiva

    A propaganda que é feita das vantagens das economias emergentes na Ásia (os chamados Tigres), enfatiza a dedicação total ao trabalho. Há casos citados de países onde são apenas 7 os dias de férias por ano.       No Brasil, só durante o carnaval, lá se vão quase 7 dias sem trabalho. Sem falar na semana santa, nos feriados, na copa do mundo…     É possível pensar em desenvolvimento econômico, em produtividade, etc, nessas condições? É possível combinar prazer e produção?     Alguns números relativos ao carnaval de Pernambuco, divulgados pela imprensa, são expressivos:     O Ministro da Cultura, Francisco Weffort, que visitou Pernambuco no período, afirma que junto com o Rio de Janeiro e Salvador, Recife-Olinda fazem parte do eixo cultural-carnavalesco mais denso do país.     O que se viu, mais uma vez, nas ruas, foi uma explosão extraordinária de criatividade e irreverência. Não é possível que isso só possa se manifestar durante o carnaval.     Pelo menos em Pernambuco o desenvolvimento econômico não só se fará, apesar do carnaval, mas com a sua ajuda pelo que tem de lúdico e motivador de criatividade.     O nosso desenvolvimento (do país e do Estado) tem que se dar considerando que não somos e nunca seremos asiáticos e que, ao contrário deles, temos que fazer de nossa singularidade cultural vantagem competitiva nos negócios.     O BRASIL QUE DÁ CERTO     Nesta segunda-feira 06.03.95, no Mar Hotel, numa promoção do JORNAL DO COMMERCIO e patrocínio do BANDEPE, com o apoio do MEPPE e da TGI, o consultor da Revista Exame, STEPHEN KANITZ, estará fazendo palestra sobre ” O Brasil que dá certo.” Depois haverá noite de autógrafos com coquetel.

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O Plano Real vai indo bem

    Os economistas e consultores Ibrahim Eris e Luiz Paulo Rosenberg participaram, dia 09.02.95, no Mar Hotel, do Encontro Empresarial Mercantil. Na ocasião, falando sobre perspectivas econômicas do país, opinaram de que o Plano Real tem sido, até agora, um sucesso e que tem amplas possibilidades de continuar assim, desde que sejam feitas mudanças, sobretudo, no câmbio. As principais opiniões emitidas foram as seguintes:  

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Quando mudará o câmbio?

    O câmbio só mudará quando deixar de ser âncora do Plano Real. E ele só deixará de sê-lo quando o governo fizer a reforma tributária (no âmbito da reforma da Constituição) e introduzir a âncora fiscal, já defendida pelo Ministro Malan e pelo presidente do Banco Central, Pérsio Arida.     Âncora Fiscal significa: equilíbrio do orçamento federal (que, hoje, tem um déficit projetado de US$ 15 bilhões), através da combinação de cortes na despesa e da alteração na distribuição da receita pública, entre a União, Estados e Municípios, beneficiando a União.        Portanto, o câmbio NÃO mudará: •  a curto prazo, ou seja, nos próximos dias, em decorrência da decisão     política do governo. •  nos próximos 60 dias, em consequência do controle que o governo está    fazendo da balança comercial.

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Otimismo com pé no chão

    As perspectivas empresariais para 1995 são muito melhores do que as registradas há um ano em relação a 1994, se comparados os resultados da Pesquisa Empresas & Empresários.     Quando perguntados sobre o porquê dessas previsões, os empresários pesquisados responderam:     A comparação dos conteúdos das principais expectativas evidencia uma mudança significativa de natureza, de um ano para o outro. Enquanto para 1994 as expectativas de bom desempenho baseavam-se, principalmente, em fatores de ordem interna às empresas; para 1995 as expectativas baseiam-se em fatores exclusivamente externos.     Não é razoável imaginar que basta a economia estabilizar-se para as empresas melhorarem. Pelo Contrário, estabilidade exige grande atenção com o mercado e com custos enxutos. E esta preocupação não tem sido, ao longo dos últimos anos, lugar comum no mundo dos negócios. Mesmo porque, a instabilidade não deixava isto claro…     Daí que, as boas perspectivas de estabilidade econômica não significam, necessariamente, garantia de prosperidade para as empresas.     O otimismo quanto ao país não pode deixar de ser acompanhado de um realismo muito frio quanto às necessidades de aperfeiçoamento da gestão das empresas, no que diz respeito à qualidade dos produtos, aos custos fixos e à motivação e engajamento do pessoal.

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