O tempo é o recurso mais escasso de que dispõe o executivo. Aproveitá-lo da melhor forma possível é, portanto, uma questão vital. Muita coisa já se disse sobre isto e vários livros já foram escritos sobre o assunto. Entretanto, a observação atenta da realidade empresarial (e de como as pessoas que têm responsabilidade executiva atuam) parece indicar que, em relação a esse tema, não existe receita que possa ser seguida com garantia de sucesso por qualquer interessado.
De acordo com uma pesquisa realizada por Jonh Kotter, da Universidade de Harvard, nas empresas americanas mais bem sucedidas, a maior parte do tempo diário do executivo (75%) é dispendido em contatos e conversas com outras pessoas. O resto do tempo (25%) é passado só, principalmente em deslocamentos pela cidade ou em viagens.
Um dado curioso dessa pesquisa, divulgada na década de 80, é a constatação de que uma percentagem significativa das conversas nada tinham a ver com temas relevantes para a empresa. O resto era dedicado a temas relevantes mas dentro de um contexto não-estruturado formalmente (Bernardo Kliksberg, “A Gerência na Década de 90”, RAP 1/88, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro).
A conclusão a que se pode chegar a partir desta constatação é que o executivo bem sucedido utiliza as conversas como: matéria prima de sua atividade de coordenação; veículo privilegiado para repassar suas idéias e orientações (falar do que é essencial no meio de uma conversa recheada de assuntos não essenciais); instrumento de formação de redes de contatos para dar fluidez às decisões; e fontes não oficiais e ricas de captação de informações.
É claro que nada disso se faz tranquilamente ou com folga de tempo. Estudos recentes indicam que o executivo médio chega a ter cerca de 32 horas de trabalho atrasado em cima de sua mesa (Exame Vip, outubro de 1996, citando conclusões da empresa Priority Management).
Como lidar, então, com essa permanente demanda de tempo, sempre maior do que a oferta? Bill Gates, presidente da Microsoft, confessa, em uma das suas recentes colunas publicadas na imprensa, que trabalha mais de 10 horas por dia, de segunda a sexta, além de outras 10 horas, mais ou menos, nos finais de semana. Diz que gosta de dormir 7 horas por noite porque precisa disso para se manter atento, criativo e esperto, embora inveje quem consegue dormir apenas 3 ou 4 horas porque essas pessoas têm muito mais tempo para trabalhar, aprender e se divertir. Para dar conta do que tem que fazer, tenta esticar as horas do dia praticando “multitasking” (desempenho de várias tarefas ao mesmo tempo) e cita que está, no momento, aprendendo a ler jornal e a se exercitar na bicicleta ergométrica de uma vez só.