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Uma empresa certificada

    A Transbank Segurança e Transporte de Valores, empresa coligada do Grupo Nordeste Segurança, originário de Pernambuco, acaba de receber o Certificado ISO 9002, outorgado pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini, de São Paulo, para o sistema de qualidade desenvolvido e implantado na área de Prestação de Serviços de Apoio Operacional às Redes de Auto Atendimento Bancário. É a primeira empresa de transporte de valores no país a se certificar nesta categoria.     Por isso, o Conjuntura & Tendências abre espaço para destacar este feito notável, como já fizera quando a Rodoviária Metropolitana conquistou o 1ºPrêmio de Qualidade da Associação Nacional de Transportes Públicos, em agosto/97. A TGI Consultoria em Gestão acompanha de perto o esforço do Grupo Nordeste Segurança e da Transbank (dos quais é parceira no processo do aperfeiçoamento da gestão empresarial estratégica) na busca persistente pela competitividade num mercado concorrido, pelo crescimento, pela implantação de uma gestão profissionalizada e eficaz, bem como pela consolidação de uma prestação de serviços “classe mundial.”     A Transbank funciona desde 1991, quando o Grupo Nordeste Segurança, atuando há 27 anos no setor de segurança no Nordeste do Brasil (hoje está presente, na região, da Bahia ao Ceará), resolveu, com o know how que já possuía em transporte de valores e em associação majoritária com a ICM (empresa pernambucana) e a SITESE (empresa paranaense), atuar, também, no mercado paulista.     A história da Transbank demonstra o acerto desta decisão. Hoje, a empresa atua com 93 carros-forte, transportando valores para bancos e empresas no estado de São Paulo, com filiais em São José dos Campos, Campinas e Santos. Em janeiro/98, já estará atuando, também, no Rio de Janeiro.     A decisão de buscar a certificação pela ISO 9002 foi para sedimentar os processos de gestão e de prestação dos serviços, buscando equipará-los aos praticados pelas melhores empresas do mundo.     A ISO série 9000 é o padrão mundial, adotado como norma em mais de 120 países, para os processos de qualidade (garantia mínima), estabelecido pela International Standards Organization, baseada em Genebra, Suíça. É aplicável a todos os tipos de negócio, no conjunto da empresa ou em parte dela. A Norma 9002, especificamente, trata do modelo para garantia da qualidade em produção, instalação e serviços associados. A certificação é feita por uma instituição credenciada (como a Fundação Carlos Alberto Vanzolini, uma das mais conceituadas do país), depois de criteriosa auditoria.     Esta certificação exige um trabalho duro e persistente de padronização, no caso da Transbank coordenado pelo Superintendente Geral (Marcos Tótoro), pelo Superintendente Operacional (Guilherme Samuel) e pelo Superintendente Comercial (Claudio Cobra); e supervisionado pela Diretoria do Grupo Nordeste (Hilson de Brito Macêdo, Presidente; Zélia Freire Macêdo, Vice-Presidente; Paulo Sérgio Macêdo, Diretor Geral; Hilson Macêdo Filho, Diretor de Operações; e Paulo Otávio Macêdo, Diretor de Controle) e pelos Diretores Severino Mendonça (ICM) e Alberto Lupo (SITESE).     A certificação da Transbank é um exemplo da capacidade de enfrentar os desafios de mercado e de aproveitar as oportunidades com competência e seriedade.

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O estímulo do desafio

“Sempre que dez caboclos não eram suficientes para levantar um tronco de árvore e colocá-lo no buraco do poste, eu tirava um e dizia aos nove restantes que tentassem de novo. Nunca precisei tirar o segundo.” Marechal Rondon, pioneiro da telegrafia nas regiões remotas do país e da defesa da causa indígena, citado por Darcy Ribeiro, coluna de Elio Gaspari, Folha de São Paulo, 06.04.97     No dia-a-dia empresarial é possível verificar, embora não seja freqüente, esta situação relatada pelo Marechal Rondon. Às vezes, com menos recursos e mais desafios, são alcançados resultados surpreendentes.     É pena que não seja regra. Na maioria das vezes, o que se vê é justamente o oposto. Mais recursos para obter menos resultados. A conclusão à qual se pode chegar é que, nesses casos, há, também, desafio de menos.     No futebol, é comum dizer-se que o resultado mais perigoso é quando um time termina o primeiro tempo ganhando de 1 x 0 ou, mesmo, 2 x 0, num jogo disputado. Se o adversário fizer um gol, ele vai querer virar o jogo e, não raro, consegue. São demasiadamente freqüentes resultados 1 x 2 ou 2 x 3, com o time que começou em desvantagem, ganhando “de virada.”     O que ocorre, quando isto acontece? Com certeza, o time em desvantagem, ao fazer o primeiro gol sente-se desafiado a virar o jogo.     A história empresarial está repleta de exemplos de competidores menores que desafiam os líderes de segmentos de mercado e conseguem vitórias aparentemente impossíveis.     Gary Hamel e C. K. Prahalad, no seu excelente livro “Competindo pelo Futuro – Estratégias Inovadoras para Obter o Controle do seu Setor e Criar os Mercados de Amanhã” (Editora Campus, 1995, Rio de Janeiro), citam o caso da empresa japonesa Komatsu que, no início da década de 60, tinha o sonho de “cercar a Caterpillar” com o objetivo de ser o seu principal concorrente no setor de equipamentos de terraplenagem, no mundo inteiro. Conseguiu. O mesmo aconteceu com a Canon em relação à Xerox, com a Microsoft em relação à IBM, com a CNN em relação às grandes redes de TV americanas, com a Sony em relação à RCA, com o Wal-Mart em relação à Sears, etc.     Em todos os casos o desafio assumido foi grande e o estímulo também.     Na atual conjuntura econômica adversa, o momento é oportuno para assumir desafios estimuladores. Afinal, nunca é demais lembrar, o impacto da crise e da desaceleração econômica não é igual para todos. O mesmo pode-se dizer das oportunidades. Elas serão melhor ou pior aproveitadas, dependendo do grau de desafio que as empresas conseguirem impor a si mesmas e da capacidade de motivar suas equipes para isto.       

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Fatores críticos para 1998

    Um mês antes do início de 1998 e passados 30 dias do pior abalo sofrido, até agora, pelo plano de estabilização econômica no país, desencadeado pela crise das bolsas iniciada na Ásia, é possível enumerar aqueles que parecerem ser os principais fatores críticos a serem acompanhados atentamente pelas empresas no próximo ano.     Em resumo, o cenário é de cautela mas comporta oportunidades que podem e devem ser aproveitadas se se concretizarem. De qualquer forma, é preciso constatar que, visto de hoje, 98 é o ano mais incerto da era do Real.

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Olho na crise e no mercado

Antes da globalização, mercado e economia andavam juntos, porque a economia era vista como resultado do mercado. “Agora, a economia reage a movimentos globais e o mercado a movimentos locais.” Mário Cohen, presidente da Futura Propaganda, Folha de São Paulo, 17.11.97     Assentada um pouco a poeira, depois do último vendaval econômico que varreu a Ásia em outubro e abalou os alicerces do Real, podem ser observados os primeiros estragos. As reservas cambiais diminuiram mais de 13% na última semana do mês, com o Banco Central tendo que vender US$ 9,4 bilhões num único dia (o fatídico 28 de outubro). Além disso, o BC (de acordo com o JB de 21.11.97) precisou injetar, no período mais difícil da crise, R$ 13,3 bilhões no caixa dos bancos para evitar uma quebradeira generalizada.     Resultado: a cirurgia de emergência, com o bisturi dos juros altos, e a costura do pacote fiscal de US$ 20 bilhões, para evitar a infecção generalizada. Reflexos pós-operatórios na economia: desaceleração do crescimento, vida dura para as empresas e muitas dúvidas sobre 1998.     Além de torcer para que as medidas urgentes tenham sido suficientes, para que a Coréia (com o socorro do FMI) e o Japão (com seu PROER de US$ 64 bilhões) resistam e para que o susto tenha feito o governo federal acordar, as empresa precisam pensar, com muito cuidado, nos próximos passos que darão (não esquecer que o Ministro Malan disse no Congresso: “a crise veio para ficar porque o contexto internacional mudou para pior”).     Não há dúvidas de que a economia, como um todo, se a situação não piorar, estará mais para recessiva no primeiro semestre de 98. Mas é verdade, também, que o impacto não é linear para todo mundo. Uns sofrerão mais, outros terão abertas oportunidades que devem ser aproveitadas. As crises, já se falou disso à vontade, são bons momentos para ousar.     Por isso, é recomendável, por um lado, toda a prudência (para manter a saúde financeira equilibrada) e, por outro, toda atenção possível às oportunidades de crescimento e de ampliação dos negócios. A chave para isso é a análise exaustiva e atenta do mercado. Produtos, clientes e concorrentes devem ser foco cuidadoso da atenção quando se for decidir sobre o futuro. A crise não estancou o movimento acelerado de mudança dos mercados no país. Pelo contrário, em determinados segmentos deve, até, acelerar.     A lembrança do publicitário Mário Cohen é muito oportuna. A globalização da economia regionaliza a concorrência e “localiza”, mais ainda, o mercado. Por isso, neste final de ano turbulento, as decisões cruciais sobre 1998, sobretudo no que diz respeito a investimentos, devem ser duplamente balizadas: pelas limitações financeiras e pelas potencialidades do mercado.     Afinal, diante desses contratempos econômicos, é preciso atentar para a observação do escritor americano (autor do clássico “Moby Dick”), citado por Yara M. Fontana, herdeira da Sadia, no interessante livro “Como Fritar as Josefinas – a Mulher nos Bastidores da Empresa Familiar Brasileira”, Cultura Editores Associados, São Paulo, 1996 .  “Contratempos são como facas, que nos servem ou nos cortam, conforme as pegamos pelo cabo ou pela lâmina.” Herman Melville

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O mais duro teste do Real

“É como se você estivesse fazendo um piquenique num jardim e de repente descobrisse que vem vindo um furacão. Não dá para ficar parado esperando ele chegar.” Antônio Kandir, Ministro do Planejamento, revista Exame, 19.11.97     Depois de passar três anos pensando que estava num piquenique que ia durar oito, o governo, agora, está correndo assustado atrás do prejuízo.      Terá que fazer, em um ano (eleitoral), o que não fez em três. Do ponto de vista econômico, reduzir drasticamente o déficit externo e o déficit público, ajustando mais aceleradamente o câmbio e diminuindo a vulnerabilidade macroeconômica. Do ponto de vista político, aprovando as reformas que estão no Congresso e outras que terão que ser feitas.      O tumulto econômico asiático ainda pode produzir fortíssimos vendavais se a Coréia do Sul não resistir e quebrar, como prevêem alguns analistas.      Depois da elevação dos juros e do duro pacote fiscal (em grande parte uma “obturação”para permitir o fechamento do buraco que os juros altos provocarão nas contas públicas), o governo fez a lição de casa possível nesta altura do campeonato.      E, diga-se de passagem, fez o que devia ser feito, com dureza e impopularidade, dentro do calendário de um ano eleitoral, fato inédito na história recente do país. Isto mostra que é ruim de prevenção mas é bom bombeiro.      Resultado: forte impacto na economia. Em 98, segundo as análises atuais, o crescimento do país não passará de 1% (contra 3,5% estimado para 97). Volta a combinação amarga de juros estratosféricos e crescimento baixíssimo.      Não se deve ter qualquer ilusão quanto à nova realidade: o Plano Real está passando e passará durante todo o ano de 98, por seu mais duro teste. E todos sofrerão as conseqüências disto. Governo, pessoas e empresas.       Para as empresas, resta manter os cintos apertados porque, antes do furacão passar, os solavancos serão muitos. Da era do Real, 98 é o ano mais nebuloso e difícil de prever. É preciso muita cabeça fria, qualquer barbeiragem pode ser fatal. É possível que aumentem as falências e as concordatas.      Além de trabalhar duro, devemos torcer muito para que as medidas tomadas sejam suficientes. Caso contrário, para defender a estabilidade, virão outras, duríssimas e fortemente recessivas (por exemplo: outro aumento cavalar dos juros), antes de uma última e desesperada: a maxidesvalorização cambial. Se ela precisar ser realizada, será com altíssimos custos sociais.

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Não deu para esperar

“A crise revelou o que já se sabia. Que nós precisamos de medidas para diminuir a vulnerabilidade.” Presidente Fernando Henrique Cardoso, entrevista coletiva em 05.11.97     A pergunta que dá vontade de fazer ao Presidente, depois dessa afirmação, é só uma: e por que essas medidas não foram tomadas antes? Agora, na correria, a margem de manobra é mínima. Todo gestor sabe que, quando isto acontece, o perigo é companheiro da decisão.     O Governo estava apostando, irresponsavelmente, que o cenário de tranqüilidade externa se manteria até a eleição. Era o Cenário Argentino já tratado por Conjuntura & Tendências (“vamos empurrando com a barriga que depois da reeleição a gente vê o que dá para fazer”).     Não deu. A instabilidade externa que começou com a quebra dos tigres asiáticos e, agora, atinge as bolsas de valores do mundo inteiro, não dá sinais de que vai se acabar logo.     As bolsas de valores brasileiras estão sendo as mais atingidas do mundo porque todos sabem que as bases de sustentação do Plano Real são mais frágeis do que precisavam e poderiam ser. Há muito tempo não é segredo para ninguém que manter a inflação baixa à custa de déficits orçamentários altos, endividamento público (interno e externo) crescente e dependência excessiva de capitais externos voláteis, não ia terminar bem.      No meio empresarial, que credibilidade teria uma empresa que gasta mais do que recebe, compra mais do que vende, precisa leiloar os seus ativos para fazer caixa e usa as contas garantidas o tempo todo? Mais cedo ou mais tarde, os bancos exigirão liquidez para renovação dos empréstimos e o que acontece? Concordata ou falência, na certa.     Num contexto como esse, colocar a responsabilidade pela situação na falta de aprovação das reformas não convence. O próprio Presidente disse isso na entrevista coletiva do dia 05.11.97: “as reformas não resolvem, é o conjunto que resolve: aumentar a exportação, uma política mais austera, uma política monetária – que já tem sido austera – e a capacidade de atrair mais investimentos”.     Os acontecimentos recentes (continuação da queda nas bolsas) estão evidenciando que apenas a elevação cavalar dos juros mais altos do mundo (medida acertada para conter a hemorragia) não basta. As medidas fiscais (diminuição das despesas e aumento das receitas) serão duras, com o agravante de que as receitas já estão altas (a maior carga tributária da história do Brasil, cerca de 1/3 do PIB).     Esperemos que este susto pelo qual o país está passando permita, ao governo, sair da letargia e tomar as medidas necessárias à firme manutenção do Plano Real, fazendo a menor quantidade possível de “maldades” para aqueles que produzem.     As nuvens negras continuam no horizonte. 1998 não será um ano fácil. Para as empresas, recomendam-se manter “os cintos de segurança afivelados, o encosto da poltrona na posição vertical e as mesinhas travadas” porque a turbulência continua e o pessoal da cabine de comando está surpreendido pelas condições atmosféricas adversas. Esperava céu de brigadeiro e deu de cara com uma bruta tempestade.

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Entrosamento, o camisa 12

        É muito comum nas empresas, como nos times de futebol, grupos compostos por bons “valores individuais”, às vezes “craques de bola”, não conseguirem resultados satisfatórios, justamente por falta de conjunto.     Não é à toa que as seleções vitoriosas são convocadas com meses, às vezes com anos, de antecedência, fazem inúmeros jogos preparatórios e ficam em regime de concentração semanas a fio antes dos torneios importantes (como a Copa do Mundo, por exemplo).      Isso tudo porque estão à procura do 12º jogador: o entrosamento, o espírito de equipe, o “conjunto”, a unidade indispensável aos resultados constantes.     Assim como os times de futebol, as equipes de trabalho, em qualquer nível hierárquico, precisam de entrosamento para terem êxito profissional. Do contrário, por melhores que sejam seus componentes, não passam de um agrupamento sem sinergia. Aliás, uma boa definição de sinergia é: quando se soma 2+2 e se consegue mais do que 4.       O processo de entrosamento é que permite a um grupo deixar de ser um agrupamento (bando) ou um aglomerado de pessoas, onde predominam as relações bilaterais entre chefe e subordinados, para ser uma equipe de trabalho produtiva.     Parece simples, mas o entrosamento e o espírito de equipe são uma das coisas mais difíceis de conseguir numa organização. Justamente por isso é que fazem tanta diferença do ponto de vista competitivo. As equipes com entrosamento são as mais difíceis de serem vencidas.     Outros números do Conjuntura & Tendências tratarão do que pode ir sendo feito para ajudar a alcançar esse estágio ideal.

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Orgulhosamente mexicana

    Não é só de marcas famosas de países desenvolvidos, como é o caso da Coca-Cola, da Nestlé, da Sony ou da Nike, que vive o mercado global. A cerveja mexicana Corona fatura R$ 1,5 bilhões/ano e é vendida em 130 países, nos quatro cantos do mundo.     A Nike, por exemplo, caso extremado da importância da marca (ver Conjuntura & Tendências 125), segundo a revista Isto É Dinheiro, de 08.10.97, dá-se ao luxo de “resumir seu logotipo numa vírgula”, construindo seu sucesso no tripé: (1) produção na Ásia; (2) pesquisa e marketing nos EUA; e (3) promoção e propaganda ancoradas em astros do esporte como Michael Jordan.      A Corona (conforme reportagem da revista AmericaEconômica, nº 120, Junho/97), por sua vez, ao invés de ocultar sua origem, como muitas das marcas que se pretendem globais, adota a estratégia de reforçar sua nacionalidade, aproveitando a associação da imagem do México com diversão, sol e praia. Transformou, inclusive, em ritual o costume dos mexicanos, sobretudo os do litoral, de pôr limão, sal e outros condimentos sobre qualquer coisa. Criou, com isso, um padrão que até passou a ser copiado, depois, por outras marcas: embalagem clara e limão no gargalo.     No que diz respeito à estratégia de vendas, no início de sua arrancada, fugiu dos supermercados e vendeu caro (em média 50% a mais que os similares nacionais), diretamente em bares, discotecas, restaurantes e hotéis. Procurando explorar o “esnobismo” dos consumidores (foi considerada, na década de 80, a bebida dos yuppies americanos), não faz grandes campanhas publicitárias, promove exclusivamente eventos e se divulga em cartazes luminosos. Procura posicionar-se, assim, firmemente, no nicho “premium”, dos produtos importados e caros (“é limitado, mas é onde estão as margens”, de acordo com o vice-presidente de vendas do Grupo Modelo, proprietário da marca, Valentin Díez Morodo). Com isso, busca atingir o mesmo segmento de mercado no mundo inteiro: os jovens.     Faz parte da estratégia nunca produzir fora do México para que não haja perda da nacionalidade e a marca não sofra.     O exemplo da Corona faz pensar sobre a realidade latino americana e a brasileira, em particular, frente à globalização econômica. Segundo o próprio Díez, “os produtos latino-americanos têm de sair do anonimato das commodities e desenvolver produtos identificados com o nome próprio.” Cita o caso do Chile que “com o prestígio de seu vinho, salmão, uvas e maçãs, está obrigado a criar marcas” porque, diz, só se agrega valor “quando se identifica um produto por uma marca e não por um nome genérico como vinho chileno”.     Na mesma reportagem da revista AmericaEconômica, é mencionado, por José Roberto Martins, da Global Brands, que o Brasil não vende marcas para o exterior e, sim, apenas commodities, apesar de ter uma imagem riquíssima e pouco explorada, ligada principalmente à praia, à sensualidade e à informalidade.     É preciso que sejam cultivadas mais marcas orgulhosamente brasileiras, orgulhosamente nordestinas, orgulhosamente locais. No Brasil, há muito do que se orgulhar. Competência não falta, muito menos espaços a serem conquistados pela criatividade.

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Salvem os empreendedores

“Os intrapreneurs farão a diferença entre o sucesso e o fracasso de sua empresa. O custo de se perder um empreendedor é maior do que a perda de um técnico qualificado ou de um talento de marketing.” Gifford Pinchot III, consultor americano, Revista Exame, 21.05.97     Pode-se definir como empreendedor aquele que tem “queda” para um negócio e uma disposição diferenciada para tocá-lo para frente. É um tipo de gente especial que, quando competente, não se encontra fácil por aí. É um espécime raro.      Todos os bons empresários são empreendedores mas nem todos os bons empreendedores são empresários. A questão está justamente neste ponto. Por falta de oportunidades adequadas, muitos empreendedores deixam as empresas em que trabalham e se transformam em empresários concorrentes.     Daí, o prejuízo duplo: além de ser desfalcada em sua capacidade empreendedora, a empresa ainda ganha um concorrente que conhece por dentro seus pontos fracos. “Por cima de queda, coice”, como reza o ditado popular.     Nesses tempos de empregabilidade (o empregado preocupar-se continuamente com o desenvolvimento dos fatores que o mantenham competitivo no mercado de trabalho), as empresas devem se preocupar, também, com o que já se começa a chamar de empresabilidade (capacidade de a empresa manter-se competitiva na atração e na manutenção dos talentos de que precisa).     É preciso ser criativo no trabalho de preservação dos empreendedores. Uma coisa, todavia, é fundamental: não ter receio de trabalhar com pessoas competentes e exigentes, muito menos de ser parceiro ou sócio delas.     Em entrevista à Revista da Folha, em 24.11.96, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, disse uma frase que é atribuída ao presidente John Kennedy: “não trabalho com quem não seja mais qualificado do que eu”.     Exageros de retórica à parte, num mundo empresarial extremamente competitivo, contar com o máximo de recursos possíveis é fundamental. Os empreendedores são recursos de primeira linha, exigentes como todo bom recurso mas indispensáveis.

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O pensamento estratégico

“Planejamento estratégico brilhante é um mito. As melhores jogadas decorrem de experiências, oportunismos, tentativas e erros.” James Collins, autor do excelente livro “Feitas para Durar – Práticas Bem Sucedidas de Empresas Visionárias”, na Folha de São Paulo, 20.10.96     Embora seja possível e recomendável produzir resultados consistentes adotando um processo formal de planejamento estratégico como o descrito nos números 96 a 98 do Conjuntura & Tendências, a estratégia de uma empresa precisa de mais do que isso para ter consistência duradoura.      Precisa do desenvolvimento do pensamento estratégico para o qual o planejamento estratégico contribui como o exercício físico adequado contribui para a boa prática de um esporte qualquer como o futebol ou o basquete.     Embora ajude (e, na maioria dos casos, seja, mesmo, imprescindível), não é a prática do exercício físico que garante o bom desempenho no futebol. Para jogar bem e conseguir bons resultados é preciso o desenvolvimento da aptidão para o jogo, o que só se consegue com a prática constante. É preciso estar continuamente “ligado” no negócio, “refinando” a cada momento a estratégia, mesmo tendo treinado exaustivamente. Não funciona acreditar que se “me exercitei bem” (fiz um planejamento estratégico aplicado), logo “vou jogar bem” (exercitar uma boa estratégica), mesmo porque, como já consagrou a sabedoria futebolística, “treino é treino e jogo é jogo.”     Por outro lado, também é pouco produtivo ter “senso do negócio” (talento para prática) se não se tem “pernas” para correr em campo (falta de condicionamento físico adequado) ou falta de “conjunto.” O “conjunto”, aliás, é um subproduto importantíssimo do planejamento estratégico bem feito. É uma espécie de condicionamento tático que se obtém com a prática constante do treinamento.     Henry Mintzberg, professor da McGill University do Canadá, um dos mais reconhecidos teóricos sobre planejamento estratégico e sobre a natureza do trabalho gerencial (autor da frase já divulgada no Conjuntura & Tendências: “planejamento estratégico não é pensamento estratégico”), compara, em artigo publicado na Harvard Business Review (“Crafing Strategy”), o processo de elaboração da estratégia de uma organização à moldagem. Entende ele que “a imagem de moldar é a que melhor apreende o processo pelo qual as estratégias efetivamente emergem”, ou seja, a estratégia é algo que se vai construindo (“moldando”) à medida da necessidade. É fruto, portanto, do pensamento estratégico, praticado ininterruptamente e exercitado pelo planejamento estratégico, um instrumento de fortalecimento da estrutura reflexiva e da capacidade executiva da empresa.     A reta final do ano é o momento de realizar o planejamento estratégico para o próximo período. É a época de fazer os exercícios necessários à preparação adequada para o próximo “campeonato anual.” É o momento do exercício intensivo do pensamento estratégico. Para isso, ajuda pensar com as categorias propostas no Conjuntura & Tendências anterior (nº 139): pensamento estratégico é uma atividade por excelência do Quadrante 1 (importante mas não urgente). Por esta razão, precisa de determinação para ser exercitado a tempo de não se tornar urgente por não ter sido tratado como importante no momento adequado.

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