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O que quer o turista?

    A “indústria” do turismo, segundo estimativa do WTTC (World Travel and Tourism Council) (Folha de São Paulo, 18.02.96), gerou em 95 US$ 3,4 trilhões no mundo e US$ 70,9 bilhões no Mercosul (2,1% da geração mundial).     As previsões são de que em 10 anos o crescimento desta indústria seja da ordem de 6% ao ano, o que fará o volume de negócio do Mercosul mais do que duplicar (US$ 150,4% bilhões em 2005).     No Brasil, ingressou em 95 um total de 1,8 milhão de turistas, dos quais 57% provenientes do Mercosul. Esse volume pode ser considerado ridículo se comparado com a França (65 milhões), a Espanha (63 milhões), os EUA (45 milhões) ou, mesmo, o México (17 milhões), a Argentina (3,9 milhões) e o pequeno Uruguai (2,2 milhões).     Uma pesquisa da Embratur sobre o que os turistas estrangeiros consideram positivo ou negativo no país (Veja, 28.02.96) traz conclusões interessantes:     Se as demandas por limpeza, táxi e segurança são compreensíveis por si mesmas, a primeira (informações!) induz a reflexões e faz pensar na questão do Estado com negócio.     Todas as avaliações das potencialidades de Pernambuco são unânimes em apontar o turismo como uma das principais, senão a principal delas.     O que fazer, então, para ampliar a atratividade do “produto” Pernambuco para os turistas?     O “trade”, a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado têm se esforçado para trabalhar nessa direção. No entanto, parece faltar um “algo mais”, que vá além da ação dos agentes diretamente envolvidos.     Ainda não alcançamos o que seria uma espécie de “predisposição cultural” de anfritiões, que recebem bem porque conhecem e gostam do lugar onde vivem. Ao contrário, até, muitas vezes parece que nós, pernambucanos, não acreditamos que somos um produto turístico atraente.     Que somos um estado com história e cultura vastas e suficientemente “dramáticas” para atrair os de fora. Que temos uma capital agradavelmente cosmopolita, com a melhor praia urbana do Brasil, sem os incovenientes do gigantismo do Rio, São Paulo ou Salvador. Que temos um “binário”metropolitano (Recife-Olinda) de grande beleza paisagística, unido por um Centro de Convenções dos mais modernos do país. Que temos um litoral de belas praias que apaixonam quem chega a conhecê-las. Que temos cidades serranas extremamente agradáveis, de clima especial. Que temos, enfim, muitas coisas que nos fazem, de fato, diferentes e atraentes.     O turista, pedindo informação, pede para saber, para conhecer, para ser convencido. Mas, sabemos, só convence os outros quem está convencido por si mesmo.     Não podemos esperar um novo “descobridor”! Precisamos afirmar e mostrar o que somos, e o quanto somos! Não merecemos ser, por nós mesmos, comparados, timidamente e em inferioridade, com os vizinhos!     O sentimento de pernambucanidade, que a Pesquisa Empresas & Empresários já apontou como precisando ser reforçado, se concretiza, também, na capacidade de ter uma auto imagem positiva e saber-se “atraente” para o turista, na confiança do próprio valor, no saber mostrar-se para ser visto, em poder reconhecer-se para ser reconhecido. Š

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A Inflação baixa e a crise

Ironicamente na semana em que a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) de São Paulo informa a inflação de 0,4%, a menor dos últimos 41 anos no mês de fevereiro, arma-se uma crise de grandes proporções potenciais para a estabilização econômica Independente do mérito da questão (um rombo que, de acordo com as estimativas, vai de R$ 16, segundo a Revista Veja, a 24 bilhões; segundo Joelmir Beting), o que preocupa é o caráter pirotécnico da medida. Enquanto todos os holofotes da mídia voltam-se para a CPI, as reformas estruturais (previdenciária, administrativa e tributária), indispensáveis ao ajuste fiscal sério e duradouro que permitirá a consolidação da estabilização da economia, vão sendo empurradas para um tempo perigosamente longo. O Plano Real mantem-se de pé graças a uma complexa equação econômica que, da maneira em que está formulada, produz déficits enormes e aumenta aceleradamente a dívida pública, a custas de juros indecorosos e crescimento econômico muito abaixo do necessário. Depois de ter produzido o maior déficit público dos anos 90, o governo FHC produziu, nos dois primeiros meses de 96, um déficit acumulado de R$ 3,3 bilhões. Não existe mágica, portanto. Sem ajuste fiscal decente o Plano Real talvez não chegue a 97. A CPI do Sistema Financeiro tratada de forma eleitoral pode criar uma cortina de fumaça paralisante e chover no molhado em situações que requerem apenas serenas e firmes medidas administrativas, judiciais e, em alguns casos, policiais. Esperemos qua a seriedade prevaleça! Para as empresas, as perspectivas são continuidade do aperto do crédito e dos juros impossíveis, com redobrada cautela dos bancos, diante das incertezas provocadas por uma CPI pirotécnica.

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O custo do trabalho

No Brasil, o custo total do trabalho representa para as empresas, segundo o professor José Pastore (Folha de São Paulo, 28.02.96), 102,06% a mais do que o salário direto pago ao empregado. Esse custo é composto por uma parcela de pagamento de horas não trabalhadas (66,26%) e outra de encargos sociais e trabalhistas (39,80%), os maiores dos países do Mercosul, mais do que 4,5 vezes os dos EUA. Esta realidade tem mobilizado não só a preocupação das empresas mas, também, a dos empregados como fonte inibidora da oferta de empregos no país.  Prova eloqüente disto é o acordo coletivo de trabalho, assinado em 13.02.96, entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e oito Sindicatos Patronais ligados à FIESP, com o objetivo de diminuir o desemprego na categoria, que “dispensa” a empresa de formalidades e obrigações previstas na legislação vigente, inclusive recolhimento ao governo do FGTS. Como nenhum acordo pode, legalmente, sobrepor-se à legislação maior, trata-se, este ato, de uma ação de desobediência civil que expõe a caducidade da lei. O Ministério do Trabalho anunciou que está procurando formas de tornar “legal” o acordo.  Além deste custo aparente, existem outros não tão evidentes mas que pesam e que reduzem a competitividade das empresas como, por exemplo, o índice da rotatividade no emprego de trabalhadores na indústria com menos de dois anos de serviço. A rotatividade potencializa o custo total com demissões, admissões e treinamentos de adaptação. Diminuir para níveis competitivos o custo indireto elevado do trabalho no Brasil é uma tarefa de todos, sobretudo neste ponto do processo de estabilização econômica quando o emprego passa a ser, também, a médio prazo, questão de estabilidade social.

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A inquietação necessária

    Qualquer pessoa que raciocina como dono de um negócio (não importando se é, de fato, ou se sente como se fosse), sabe que não há “descanso” possível. Nem mesmo quando se está de férias… (há quem ache que neste momento, principalmente).     Embora algumas abordagens, que se pretendem voltadas para o “desenvolvimento” empresarial, preguem coisas como “paz de espírito”, “tranqüilidade” e “relaxamento”, as evidências têm mostrado que isso não é possível, pelo menos do modo simplista defendido. Isto não quer dizer que o empreendedor não possa atingir estados satisfatórios e, mesmo, freqüentes, do que se poderia chamar, na falta de melhor definição, de algo como um “repouso vigilante.” Mas, por certo, nunca, “desligado.”     Seja em relação à maximização de resultados, à descoberta de formas melhores de atender os clientes, à elaboração de produtos melhores e, principalmente, em relação à preocupação com a concorrência, há que ficar em permanente estado de “prontidão.”     Aliás, o empreendedor não cai nunca na esparrela de descuidar-se dos concorrentes. Sabe o perigo tremendo que isto significa.       Dando-se o desconto pela comparação bélica, assim como pela natureza oriental e, portanto, quase esotérica da citação, é significativo constatar a longevidade da preocupação, que permanece atual, talvez mais do que nunca, pelo menos entre nós.     Essa “preocupação com o inimigo”, representando a inquietação quanto ao negócio é não só necessária como fator determinante de sobrevivência empresarial.     E “inimigos” são também, além dos concorrentes (mesmo considerando que numa visão contemporânea de mercado, não o sejam, necessariamente), todos os fatores (muitas vezes internos) que trabalham contra a competitividade.     Na luta contra o “inimigo”, uma questão vital é que a inquietação não pode ser exclusiva do empresário, pois ele, só, não dará conta da complexidade crescente dos negócios, nem da multiplicidade dos fatores intervenientes.     As concepções mais atualizadas de empresas tendem a compreendê-las como conjuntos de unidades de negócio, funcionando tanto melhor quanto mais autônomas forem, desde que interdependentes, onde aqueles que a gerenciam, ou que delas participam como gerenciados, raciocinam e agem com a “lógica de negócio.”     Num contexto cada vez mais exigente, disseminar o conceito de unidades de negócio, bem como incentivar e desenvolver a capacidade empreendedora das pessoas, em cada unidade, para, ao mesmo tempo, repartir e potencializar a “inquietação necessária” passa a ser, para o empresário, fator crítico de sucesso do “seu” negócio, a empresa.

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Por que Recife ficou fora?

    A Gazeta Mercantil de quarta-feira, 07.02.95, publicou matéria dando conta de que 13 cidades do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina uniram-se para criar a Mercocidades, uma rede de intercâmbio econômico, científico, cultural e político entre os “municípios-pólo” do Cone Sul. Da Argentina entraram 4 cidades: Buenos Aires, La Plata, Córdoba e Rosário; do Uruguai, Montevidéu; do Paraguai, Assunção; e do Brasil, 7 cidades: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.     Por que ficaram de fora São Paulo e Recife, se o objetivo manifesto dessa rede é “oferecer respostas positivas às oportunidades e demandas que se apresentam às cidades em decorrência da redução dos entraves fronteiriços à circulação de capitais, bens e pessoas que vem sendo proporcionada gradualmente pelo Mercosul”?     São Paulo, talvez, por seu tamanho descomunal e sua peculiar vocação de grandeza. E Recife?     Seja por que razão for, essa exclusão tem impacto sobre as empresas já que, como informou a Gazeta “do ponto de vista econômico, os maiores beneficiados pelas Mercocidades serão as pequenas e médias empresas que por si só enfrentam dificuldades para ter acesso a oportunidades comerciais abertas pelo estabelecimento do Mercosul”. Prevê-se, inclusive “a implementação de intercâmbio eletrônico de informações sobre negócios, de um banco de dados sobre projetos federais, estaduais ou municipais com incidência econômica sobre as cidades e a edição de um guia de exportações, incluindo as empresas sediadas nos municípios”.     Este episódio é ilustrativo para evidenciar a mudança de paradigmas com os quais temos que nos habituar. As articulações são para além das fronteiras, envolvendo os mais variados tipos de atores e interlocutores.     Recife não fica a dever em nada a nenhuma dessas cidades mas, até agora, passou batido nessa novíssima e original articulação.     Hoje em dia, mais do que nunca, seja para estados, cidades ou empresas, não basta ter predicados e requisitos, é preciso fazê-los valer como moeda competitiva e de articulação. Caso contrário, outros, sobretudo os concorrentes, farão valer os seus, em nossa frente.

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Petrolina: o outro extremo

    Pernambuco tem uma característica geoeconômica peculiar: dois pólos extremos de dinamismo, distantes mais de 700 Km entre si. De um lado, o Recife e sua área de influência (a RMR e a Zona da Mata) e, do outro, Petrolina e o Vale do São Francisco.     Petrolina, talvez a cidade de maior crescimento demográfico do Nordeste, compreendeu a importância de explorar o seu diferencial competitivo e sair na frente, atraindo um número cada vez maior de oportunidades de negócio.     Essa característica de ter pólos extremos de dinamismo econômico precisa ser considerada com a devida atenção quando já se começa a ter clareza de que a integração (seja externa, regional ou interna) é fator decisivo para o desenvolvimento do estado.     A concepção contemporânea de desenvolvimento de uma unidade, seja da federação, seja de negócio, é incompatível com a de ilhas isoladas de prosperidade.     E esta é uma questão relevante para o desenvolvimento de Pernambuco: como integrar os polos extremos de Recife e Petrolina, considerando a distância física entre eles e a distância dinâmica deles com o espaço geoeconômico que os separa?     É interessante considerar que a distância entre Recife e Petrolina é equivalente à de Recife para Fortaleza e para Salvador, as outras duas capitais mais dinâmicas do Nordeste. Essa distância na Europa equivale, por exemplo, a quatro vezes o percurso Lisboa- Madrid e duas vezes Paris-Viena.     As pesquisas têm demonstrado que, para os empresários, o desenvolvimento das empresas de Pernambuco não pode ser dissociado do desenvolvimento do estado. Por esta razão, discutir como potencializar o dinamismo e articular ações concretas para integrar o desenvolvimento no estado é, também, uma questão de estratégia empresarial.

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Ameaça estrutural ao plano

    Ao longo do processo de abertura pelo qual vem passando a economia brasileira nos últimos anos, fomos, aos poucos, nos acostumando à expessão Custo Brasil.     Esta expressão pretende designar o preço a mais que o país e as empresas pagam pelo tempo que passamos meio isoladões do mundo.     Do lado das empresas , podem ser contabilizados como ingredientes do Custo Brasil: desperdícios, retrabalho, perdas e excesso de tempo para fazer as coisas.     Do lado do esrado, pode-se definir Custo Brasil como a junção explosiva de: (1) juros altos; (2) custos elevado da mão-de-obra; (3) incidência em cascata de impostos sobre produtos de exportação; (4) infra-estrutura de portos e estradas; e (5) telecomunicações deterioradas e caras.     Além de colocar os produtos brasileiros em desvantagem no exterior, o Custo Brasil significa um perigo tremendo, mesmo para as empresas que não exportam, porque, com a abertura da economia, coloca os produtos de fora mais baratos, aqui dentro de casa.     E se isso não fosse pouco, a médio prazo, coloca sob ameaça a própria estabilização econômica como adverte o consultor Luíz Paulo Rosemberg (Folha de São Paulo, São Paulo, 16/01/96).     Enquanto o Governo Federal tenta se desvencilhar da camisa de sete varas em que está metido para desatar o nó das reformas estruturais, as empresas, por uma questão de sobrevivência, têm muito o que ir fazendo na redução da sua parte no Custo Brasil e podem fazê-lo mais rápido.

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"Já está péssimo!"

O conceito de melhoria contínua é, talvez, o mais desafiador e original da teoria da qualidade.     Melhorar sempre, não importa de que estágio se comece o trabalho de aperfeiçoamento, é a base da revolução japonesa da qualidade. Quando eles começaram com isso, estavam aniquilados pela derrota militar e pela devastação atômica.     Ao contrário da maioria das impropriedades que a má observação da experiência japonesa tem receitado para as empresas brasileiras, o princípio da melhoria contínua é de grande importância, nesse momento peculiar da nossa história.     Essa história do capitão exigente funciona como uma espécie de metáfora da realidade econômica e empresarial do país.     Já são “péssimos” os resultados dos esforços de estabilização da economia. Já são “péssimos” os resultados dos processos de aperfeiçoamento da gestão das empresas face à abertura econômica e à ampliação da concorrência em todos os níveis. Mas, não são nem péssimos ainda os resultados dos esforços para equacionar a dívida social e para reduzir o Custo Brasil, por exemplo.     A melhoria contínua é um imperativo econômico e empresarial fundamental para atingirmos um estágio de desenvolvimento satisfatório.     Potencial e talento temos de sobra.     Falta, ainda, mais perseverança para consolidar os esforços iniciados. Se já estamos “péssimos”, há muito o que fazer para melhorar a nossa classificação.

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O cenário mais provável

    Considerando as análises e estimativas do governo, de empresas de consultoria econômica (Rosemberg, Macrométrica, MCM), da CNI, do Citibank e de mais de 100 empresários de peso no país, é possível traçar um cenário econômico provável para 1996, com base em alguns indicadores relevantes.     Evidentemente, este cenário mais provável está sujeito a influência negativa de fatores como:     De todo modo, o cenário mais provável que se desenha para a economia em 96 sinaliza para as empresas com exigências importantes como eficiência em ambiente de crescimento baixo, juros ainda altos, câmbio supervalorizado e alta concorrência. É preciso, pois, levar o barco com cuidado em meio à neblina, principalmente no primeiro semestre. Š

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Números Animadores

    No final do ano, foram divulgados alguns números sobre o desempenho de Pernambuco que dão o que pensar.     Os percentuais de crescimento configuram tendências suficientemente fortes para reverter o quadro de pessimismo em relação ao desenvolvimento de Pernambuco? As vantagens competitivas delineadas pelas informações censitárias são incentivadoras de decisões de investimento produtivo? Terá sido dada a partida no novo ciclo de desenvolvimento vigoroso do qual precisamos? Não dá para responder, ainda.     Não deixa de ser animador, no entanto, no meio de tantas dificuldades no ano que passou, observar números tão expressivos. Ajuda a revigorar o ânimo para o trabalho e para os desafios de 96.

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