Author name: helder

Boa provocação, presidente!

    Veio em boa hora a provocação feita pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso ao dizer que Pernambuco estava precisando de uma “reengenharia” econômica. Na verdade, ele ampliou uma outra provocação feita pelo Ministro José Serra ao Governador Miguel Arraes pedindo um “projeto de grande porte” para o Estado.     Hoje, Pernambuco já reúne os requisitos essenciais para elaborar este projeto. Empresários, políticos e a sociedade civil organizada não só estão conscientes da necessidade, como vêm desenvolvendo ações concretas neste sentido.     O Movimento Empresarial Pró-Pernambuco (MEPPE), a Pernambuco S/A, o Fórum Pernambuco em 1º Lugar, a Agenda Pró-Pernambuco, o Movimento Pró-Refinaria em Pernambuco, a Pesquisa Empresas & Empresários, o Projeto Pernambuco 2010 são expressões concretas de uma mobilização que vem quebrando radicalismos e paradigmas econômicos, políticos e sociais, até há pouco tempo vigentes no Estado.     Mas isso só não basta, já está no tempo de montar um Projeto Estratégico para o Desenvolvimento do Estado. Neste sentido, as provocações do Ministro e do Presidente são mais do que oportunas para acelerar o processo.     É preciso, entretanto, não esquecer que isto não é uma tarefa simples. Pernambuco tem um tecido econômico, social e político complexo, de mais de 460 anos de idade e não cabem abordagens apressadas ou comparações simplistas com a realidade de outros Estados. Temos que inventar o nosso futuro com criatividade e com o mínimo possível de preconceitos. Capacidade, já desenvolvemos de sobra.     Por nossa realidade ser particularmente densa e a problemática necessariamente complexa, talvez as soluções e a retomada do crescimento do Estado demorem um pouco. Entretanto, quando o ciclo for retomado, muito provavelmente o será de modo consistente e duradouro.

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Menor mercado, maior juro

Na semana passada foram divulgados dois estudos com resultados preocupantes para o país. O primeiro, do Banco Mundial, aponta o Brasil como o lugar em que há maior desigualdade social e de renda do mundo. O segundo, da Fundação Getúlio Vargas, conclui que as taxas de juros reais vigentes no país são as maiores do planeta. Segundo o BIRD, 10% da população detém 51,2% da renda do país, enquanto os 20% mais pobres ficam com 2,1%. Esta é a pior situação entre os 71 países pesquisados. Já, de acordo com a FGV, o piso de captação do dinheiro pelo sistema financeiro, considerando a média dos cinco primeiros meses de 1995, descontada a inflação, foi de 28% ao ano, contra 12,95% na Argentina, segundo colocado, 12% no México, 2,84% nos EUA, 2,4% na Grã-Betanha e 1,11% na Alemanha. Esta situação configura uma mistura explosiva e um desafio tremendo para as empresas, para a sociedade e para o governo. Para as empresas, significa asfixia financeira no menor mercado relativo do mundo.Para a sociedade, impõe lidar com o ônus de um enorme exército de excluídos do mercado, com todas as conseqüências desastrosas daí decorrentes. Para o Governo, representa a exigência de consolidar a estabilidade da economia para permitir o desenvolvimento sustentado, sem quebrar a corda no curto prazo. Baixar os juros para as atividades produtivas e ampliar o mercado interno, com a incorporação do grande contingente de consumidores, hoje excluído, são grandes desafios de curto e médio prazos para todos. 

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O Reengenheiro é o mercado

Depois de um lançamento vertiginoso como último modelo das teorias revolucionárias de modernização empresarial, a reengenharia entrou na berlinda, acusada de ser apenas uma técnica para demitir pessoal. A crítica mais consistente, entretanto, é a que aponta a reengenharia como um procedimento voltado para o passado. De fato, na forma em que tem sido oferecida para consumo, ela não cria mercado. Preocupa-se apenas em ajustar a empresa para uma realidade que pode muito bem ser outra depois que a “reengenheiragem” acabar. A experiência tem demonstrado, inclusive a experiência recente de mudança acelerada de posições de mercado no país que, de fato, quem deve comandar qualquer processo de mudança dentro da empresa é o cliente, ou seja, o mercado. Para atingir o seu mercado, a empresa precisa oferecer um preço competitivo, uma qualidade reconhecida do produto e um atendimento diferenciado ao cliente. O quanto essas variáveis estão surtindo efeito sobre o cliente é o comportamento do mercado que vai dizer. A partir da verificação deste comportamento é que a empresa deve providenciar os ajustes e as mudanças internas necessárias para manter ou ampliar sua competitividade. É claro que não é simples mudar a empresa a partir do comportamento do mercado. Bem mais improdutivo, entretanto, tem sido querer mudar, como propõem concepções equivocadas, olhando apenas para dentro.

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Um especialista em gente

Qualidade, produtividade e competitividade são as exigências principais do mundo contemporâneo para as empresas que querem sobreviver e crescer. E uma coisa é certa: para conseguir qualidade, produtividade e competitividade, é imprescindível estabelecer compromissos com as pessoas encarregadas da produção e da venda dos bens e serviços oferecidos ao mercado, ou seja, as equipes de trabalho nas empresas. A construção de compromissos com resultados de qualidade é uma tarefa permanente do desenvolvimento da equipe, cuja responsabilidade, indelegável, é do gerente. Em qualquer circunstância e em qualquer tipo de empresa ou organização, o principal alvo de atuação do gerente são as pessoas que ele coordena – a sua equipe de trabalho. Por isso, numa visão contemporânea, um gerente competitivo é, essencialmente, um especialista em gente. Ser um especialista em gente exige do gerente capacidade de compreender, em toda a sua amplitude, a realidade da vida das equipes nas empresas – as redes de poder, os vínculos, os projetos e as questões não explícitas, comumente desconsideradas nas relações de trabalho, mas com grande capacidade de mobilizar emperramentos. Ser um especialista em gente coloca o gerente no lugar daquele que coordena a construção das condições necessárias para realização do trabalho da equipe e, também, como alguém capaz de cobrar, com autoridade, os resultados requeridos e a qualidade necessária. Afinal de contas, a principal responsabilidade do gerente não é fazer as coisas mas, sim, fazer com que outros as façam. Daí a necessidade de ser um especialista no seu principal fator de produção: as pessoas. Portanto, um especialista em gente para produzir resultados. 

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Resultado é o que importa

Os processos de mudanças nas empresas, como é o caso dos Programas de Qualidade, Reengenharia e outros que vêm aparecendo, são geralmente pródigos na produção de instrumentos e “ferramentas.” São conhecidas, por exemplo, as “ferramentas da qualidade”; Controle Estatístico do Processo; 5S; MASP; “Shake Down”; 5W e 1H; PDCA; etc… É comum que nestes processos sejam utilizadas “técnicas” cada vez mais sofisticadas que se tornam o centro das preocupações e dos esforços das pessoas envolvidas. Pouco se fala, nestes casos, dos resultados do trabalho. Por certo, a maioria dos instrumentos e ferramentas agregados a estes processos têm a sua utilidade na solução do problema que se quer resolver. Mas é preciso não esquecer que eles não passam, apenas e unicamente, de instrumentos. Saber como usá-los não é, de forma alguma, garantia de sucesso. Às vezes, pelo contrário, são desviantes e tiram o foco da atenção do principal: a mudança que precisa ser feita. O resultado é o que importa. Principalmente, por ser a mola propulsora da motivação para a mudança. Quem empreende ou participa de um esforço, qualquer que seja, precisa conhecer quais os ganhos que estão sendo obtidos, até para avaliar e, se for o caso, redirecionar o que está sendo feito. Principalmente, por ser a mola propulsora da motivação para a mudança. Quem empreende ou participa de um esforço, qualquer que seja, , até para avaliar e, se for o caso, redirecionar o que está sendo feito.Sem isso, é como jogar sem ver o placar. Os jogadores, concentrados nas técnicas, não sabem se estão ganhando ou perdendo. Em processos de mudança é preciso atenção para não deixar que as ferramentas e os instrumentos utilizados funcionem como “cortina de fumaça”, encobrindo o essencial que são os resultados.    

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Nada do que foi será…

    Talvez o governo tenha pisado fundo demais no freio do crédito para diminuir o ritmo do crescimento da ecônomia e seja obrigado a aliviar um pouco, como já vem fazendo.     Mas, uma coisa é certa, acabou o tempo das margens muito grandes.     Algumas empresas não estão se apercebendo de que estamos entrando numa fase muito exigente, que requer mais do que redobrada atenção. O gráfico abaixo é ilustrativo desta situação.     Segundo Stephen Kanitz, o coordenador da publicação Maiores e Melhores da Revista Exame, daqui pra frente temos que nos preocupar muito mais em fazer empresas do que apenas negócios.     Este “fazer empresas” significa, principalmente, cuidar da gestão: administrar custos, qualidade, produtividade e desenvolver equipes competentes, buscando consolidar vantagens comparativas.     Neste tempo de ajustamento, são vantagens comparativas para as empresas:      1. Preço Competitivo (o que significa custos enxutos, mínimo de gorduras, saúde financeira).      2. Qualidade Reconhecida (o que significa produtos bem aceitos e imagem respeitada).      3. Atendimento Diferenciado (conhecimento sistemático da opinião dos clientes e atenção redobrada nas suas necessidades, manifestas ou não). Š

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A hora da nominalização

    O Plano Real chega a um ano de vida como o mais bem sucedido da série de 6 planos de estabilização iniciada com o Plano Cruzado em 1986.     Foi muito bem sucedido na redução da inflação e no crescimento da economia. Está sendo mal sucedido no balanço de pagamentos.     Pode não parecer, à primeira vista, mas é mais fácil baixar a inflação de 50% para 2% ao mês do que de 2% para próximo de 0%, como é necessário para a estabilização e o crescimento sustentado.     Fazer isto demandará, na expressão do ministro José Serra, “uma luta prolongada que requer não apenas um ano de trabalho, mas vários.”Há, ainda, muito o que fazer.     O segundo ano desta série inicia-se com mais um passo que o ministro Malan chamou de nominalização da economia. Ou seja, esquecer os índices e substituí-los pelos valores nominais (em real ). A nova Medida Provisória trabalha neste sentido: apagar a memória inflacionária.     Para as empresas, isto significa deixar de lado os índices de reajuste (automáticos e genéricos) e trabalhar tendo os custos reais como parâmetros essenciais de suas decisões e negociações.     O segundo ano do Real inaugura um tempo muitíssimo mais exigente para as empresas. Um tempo para quem conseguir ter custos compatíveis com uma nova realidade de mercado que, ao contrário do que se possa pensar, não é conjuntural e sim tendencial.

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"Respeito é bom e eu gosto!"

    Na nossa história recente, parecíamos estar fadados à “anti-lei” de que “o certo é levar vantagem em tudo”.     A constatação, óbvia, de que esta antilei é destrutiva e predatória vem sendo cada vez mais evidente. Começa a ser quase consenso generalizado a idéia de que a ética é vital: para a sobrevivência e para qualidade da vida social.     Nas empresas, vale este princípio? Ou as exigências de competitividade só deixam lugar para os mais “sabidos”?     Há algumas semanas, a FIAT (empresa, sem dúvida, competitiva!) vem usando o mote da ética para destacar a qualidade do seu produto e do seu serviço (já na venda!): “Respeito é bom e eu gosto”; “Respeito é bom, e todo mundo gosta”.     Qual a diferença mercadológica entre: “Respeito é bom e eu gosto”e “Gosto de levar vantagem em tudo. Certo?”     Se é certo levar vantagem em tudo, é certo para todos. E, aí, quem sobra da “guerra”? Onde fica a possibilidade de respeitar acordos e de ser respeitado? Como apostar no futuro? O “day-after” do “vale-tudo” é negro também para os sobreviventes.     Ao contrário, se a regra é o respeito (ao outro, à lei e aos acordos), fundamento da ética, da democracia e do desenvolvimento (como processo coletivo), é possível “brigar” num mercado onde haja lugar para vencedores e não só para sobreviventes.     Ser ético é ser sério. Ser sério é ter e merecer respeito. É ser confiável. É ter qualidade, no sentido amplo do termo.     Produtos e serviços sérios, confiáveis e de qualidade têm lugar assegurado. A clientela começa a aprender, os fornecedores e parceiros já o sabem, os concorrentes serão obrigados a ver e, provavelmente, imitar.     Além de ser um princípio básico da democracia, a ÉTICA nas relações começa a ser uma VANTAGEM COMPETITIVA para as empresas que fazem do respeito aos clientes, fornecedores e concorrentes, uma marca de sua atuação.

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Os juros altos e as empresas

    A conjuntura atual, com altas taxas de juros, tem significado aperto monetário para as empresas, sobretudo as que apresentam endividamento bancário. Esta situação tem origem na ancoragem do Plano Real. Até a crise do México/Argentina, a âncora do plano era o câmbio. A partir daí, passou a ser juros mais câmbio, com inibição do consumo.     Esta situação tem sido particularmente difícil para as empresas: queda das vendas; apertos sérios de liquidez; crédito escasso e caro: dificuldade de pagar fornecedores.     Isto não pode perdurar por muito tempo, sob pena de provocar, para as empresas, constrangimentos difíceis de transpor. Tanto é que o governo tem sinalizado para o segundo semestre com uma série de medidas que permitam o declínio gradual dos juros até o final do ano: desindexação; reforma da Constituição (apoiando a reorganização do Estado); volta dos investimentos externos (ajudando a balança de pagamentos); e acelerações das privatizações ( reduzindo o déficit-público).      Por isso, é preciso cada vez mais:

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Nada substitui o bom senso

    Quem tem que lidar com o dia-a-dia da gestão das empresas vê-se, às vezes, confundido com a quantidade de soluções mágicas que são recomendadas para os problemas empresariais: Qualidade Total, Reengenharia, Benchmarking e muitos outros mais…     Quem faz propaganda desses remédios milagrosos nunca diz que são nomes novos para propostas nem tão novas assim. São ferramentas que não podem nem ser recomendadas, nem desaconselhadas, a priori, sem que, antes, se saiba qual o problema que precisa ser resolvido.     Se um paciente chegar para um cardiologista e perguntar se deve:       É claro que o médico vai primeiro procurar saber o que o paciente tem, identificar qual é o seu problema e, só então recomendar para o caso, o tratamento mais adequado.     Com as empresas acontece parecido. Às vezes, partem para a solução, sem procurar saber direito qual o problema que se quer resolver.     Na gestão dos negócios e das empresas nenhum modismo substitui:     Não existe receita miraculosa para conseguir isto, a não ser o bom senso, trabalho duro, criatividade e coragem de ousar. O resto se inventa, sempre respeitando as características próprias e necessidades de cada caso. E isso é vital!

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