Economia

Custo alto e valor baixo

    O nº 58 de Conjuntura & Tendências (04.03.96) analisou o quanto é alto o custo do trabalho no Brasil e a ameaça que isto representa, por um lado, para a competitividade empresarial, e por outro para a estabilidade social, na medida em que afeta o nível de oferta de emprego.     Esta questão tem sido objeto de controvérsias, considerando-se os números em que se baseiam as interpretações. Confrontam-se os dados apresentados pelo professor José Pastore (Folha de São Paulo, 28.02.96) com outros apresentados por Demian Fiocca (Folha de São Paulo, 14.02.96).     No primeiro, evidencia-se um alto custo total do trabalho, representando para as empresas, um acréscimo de 102,06% a mais que o salário direto pago ao empregado, composto pelo pagamento de horas não trabalhadas e encargos sociais e trabalhistas.     No segundo, destaca-se o baixo valor da hora recebida pelo trabalhador.     O que chama a atenção nesses números, são as duas faces de uma mesma realidade, ambas de efeito ruim para as empresas e para os que nelas trabalham.     Por um lado um Custo Alto para o empregador que paga, por imposição de lei, 102,06% sobre o salário direto.     Por outro, um Valor Baixo para o empregado, recebendo salários que não expressam valorização do trabalho, nem da qualidade, nem da produtividade.     O país tem uma realidade institucional que, aparentemente, proteje direitos e dá garantias embora, na prática, produza efeitos contrários.     Neste mix de salários baixos, associados a uma distribuição de renda muito ruim e legislação trabalhista muito pesada em encargos, todos saem perdendo. As empresas e os empregados, diretamente e a sociedade, indiretamente, na medida em que este conjunto contraditório influencia para baixar a oferta de empregos e aumentar os empregos não legalizados, empurrando muitos trabalhadores para a informalidade.     Caminhar para uma legislação mais flexível, com espaço mais amplo para negociação e produção de acordos pode ser um caminho menos tortuoso para produzir uma situação contrária à atual, e mais saudável; MENOR CUSTO de encargos e MAIOR VALOR do trabalho. Ou seja, empresas mais competitivas e empregados mais bem remunerados, com mecanismos que reconheçam, e premiem, os diferenciais de qualidade e produtividade. Š

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Desarmar a "bomba-relógio"

              Um economista do segundo escalão do Banco Mundial, Homi Kharas (Chefe de Operações do BIRD para o Brasil), fez um comentário que caracteriza bem a política econômica em vigor: “Há uma bomba-relógio montada no Brasil. A estratégia de juros altos tem limites que nem os responsáveis pela política monetária conhecem” (Veja, 24.04.96).     De fato, 22 meses depois de lançado e 16 após a posse do seu formulador e condutor, o Plano Real tem como base de sustentação uma mistura explosiva de câmbio engessado e juros altos que tem mantido a inflação baixa à custa de recordes de pedidos de falência e concordatas de empresas e da inadimplência dos consumidores.     Segundo Delfin Netto, “existe uma armadilha cambial que construiu uma restrição externa que impede o crescimento e torna mais difícil o equilbrio orçamentário. Desta forma, fica cada vez mais difícil abandonar a política monetária que se sustenta nos juros elevados e que vai pouco a pouco destruindo as finanças públicas, as finanças das pequenas e médias empresas nacionais e aumentando os riscos do sistema bancário” (Folha de São Paulo, 17.04.96).     A verdade é que a estabilidade de preços tem bases muito frágeis e embora o país não esteja às vésperas de uma crise, chegará inevitavelmente nela se não corrigir a rota e não fizer os necessários ajustes, fiscal e do Estado. Por enquanto, está se endividando e provocando endividamento das empresas, de modo perigoso.     Tentar regular o défict da balança comercial (por conta do câmbio engessado) segurando o crescimento abaixo do que é possível e necessário com juros muito altos, só funciona por tempo limitado por que o juros acabam destruindo a economia pelo aumento da dívida pública (que dobrou nos últimos 12 meses) e pelo estrangulamento do caixa das empresas.     Como não se consegue vislumbrar a mudança deste quadro no curto prazo (pois continua o “imbróglio” das reformas e o presidente declarou recentemente que “a estabilidade será segurada a qualquer custo”), sobra para as empresas a tarefa de continuar pilotando com todo cuidado, inclusive alerta para desarmar, logo, qualquer bomba-relógio de fabricação caseira que aparecer pelo caminho.

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As empresas estão preparadas?

    Um dos resultados mais expressivos da Pesquisa Empresas & Empresários – Ano 6 (uma realização da TGI/ Jornal do Commercio, com o patrocínio da Celpe e do Sebrae e o apoio do Departamento de Ciências Administrativas da UFPE, do IEL-PE e da AD/DIPER) foi o que apontou que 75% das pessoas entrevistadas responderam que as empresas de Pernambuco estão pouco preparadas (60%) ou totalmente despreparadas (15%) para enfrentar o novo quadro da economia.     Este resultado equivale a responder NÃO à pergunta do título.       As razões apontadas para este despreparo foram: 1.  Apego à filosofia inflacionária; 2.  Baixa capacidade gerencial e pouco profissionalismo; 3.  Dependência da postura governamental; 4.  Falta de planejamento estratégico; 5.  Déficit tecnológico; 6.  Baixa qualificação da mão-de-obra; 7.  Falta de trabalho com o mercado externo; 8.  Falta de visão voltada para a satisfação do cliente; 9.  Individualismo e falta de integração; 10.  Dificuldades com a gestão financeira.     Em relação às empresas consideradas razoavelmente preparadas (12%) e plenamente preparadas (4%) os fatores apontados como determinantes foram: 1.  Capacidade de antecipar-se ao futuro; 2.  Desenvolvimento da capacidade gerencial; 3.  Aperfeiçoamento da qualidade dos produtos e serviços; 4.  Investimento em tecnologia e informatização; 5.  Sintonia com o mercado exterior.

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Integrar para desenvolver

    Os resultados da Pesquisa Empresas & Empresários Ano 6 apontam as potencialidades e oportunidades de Pernambuco, assim como a necessidade premente de integrá-los para fomentar o desenvolvimento estadual.     Sob este ponto de vista, ganha importância capital a integração interna, por intermédio de um eixo estratégico de desenvolvimento, dos pólos extremos de dinamismo (Recife e Zona Norte X Petrolina e Vale do São Francisco).     Para concretização deste eixo, são fundamentais a conclusão do trecho Petrolina- Salgueiro da Ferrovia Transnordestina, a recuperação do trecho Salgueiro-Recife e a implantação da Hidrovia do São Francisco, até Petrolina.      Uma evidência marcante dessa necessidade de integração interna é o fato de Petrolina, hoje, já estar, talvez, mais articulada com outros locais (Salvador, Brasília, São Paulo, EUA) do que com o Recife. Desde o dia 18.03.96, por exemplo, a TAM implantou um vôo diário, ida e volta, para São Paulo, aeroporto de Congonhas.     Não basta desenvolver os pólos, é necessário integrá-los e, com isso, fomentar o desenvolvimento dos espaços intermediários (como desenvolver o Sertão e o Agreste?).     A questão da integração intra-estadual de Pernambuco é condição necessária para sua indispensável e urgente integração externa (regional, nacional e internacional), sem a qual fica muito difícil progredir no mundo atual.

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Mobilização em outro nível

    O Governo Fernando Henrique não tem uma estratégia consequente para o Nordeste.     Às voltas com a estabilização da economia e com as reformas constitucionais, não formulou nem colocou em prática nenhuma ação ordenada capaz de fazer frente ao esgotamento do modelo de desenvolvimento da região.     Mesmo a atuação rigorosa da Sudene em relação à administração dos incentivos fiscais é obra que vem do Governo Itamar.     Por esta razão, é muito bem vinda a iniciativa da bancada de senadores do Nordeste de elaborar e submeter ao governo uma proposta de tratamento da questão da inserção competitiva e do desenvolvimento da região no novo quadro da globalização da economia do país.     O documento acertado no diagnóstico, esboça razoavelmente as prioridades e é confuso nas proposições institucionais. Entretanto, está tendo o grande mérito de recolocar a questão, a partir de uma nova ética, diretamente à consideração do Presidente.     O fato é que, sem uma ação coordenadora, firme e consequente do Governo Federal, a questão do desenvolvimento do Nordeste vai ficar restrita à disputa fraticida dos estados pela refinaria e pelas minguadas verbas do orçamento.     O problema sério a enfrentar é da política de desenvolvimento. A participação do PIB do Nordeste no produto do país vem caindo nos últimos anos (de 18,5% em 1990 para 17,5% em 94, de acordo com a Sudene). Segundo cálculos da economista e ex-diretora de Planejamento Global da Sudene, Tânia Bacelar, a participação da região na Renúncia Fiscal da União (para desenvolvimento regional e estímulo às exportações) é de apenas 10% (bem menor do que a participação no PIB), contra 45% da Sudene e 38% do Norte.     Seja de que forma for que o debate se encaminha, é preciso considerar que a situação, hoje, é muito diferente da do passado, mesmo recente.     Assim como em relação às empresas, a questão do desenvolvimento do Nordeste deve ser colocada em termos de potencialidades e deficiências para atendimento das exigências dos mercados (regional, nacional e internacional) e de vantagens e desvantagens competitivas. Não em termos de ajuda a uma região desvalida ou de subsídios para uma região “carente.” A conversa tem que ser em outro nível. O mundo atual exige que seja assim.

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O que quer o turista?

    A “indústria” do turismo, segundo estimativa do WTTC (World Travel and Tourism Council) (Folha de São Paulo, 18.02.96), gerou em 95 US$ 3,4 trilhões no mundo e US$ 70,9 bilhões no Mercosul (2,1% da geração mundial).     As previsões são de que em 10 anos o crescimento desta indústria seja da ordem de 6% ao ano, o que fará o volume de negócio do Mercosul mais do que duplicar (US$ 150,4% bilhões em 2005).     No Brasil, ingressou em 95 um total de 1,8 milhão de turistas, dos quais 57% provenientes do Mercosul. Esse volume pode ser considerado ridículo se comparado com a França (65 milhões), a Espanha (63 milhões), os EUA (45 milhões) ou, mesmo, o México (17 milhões), a Argentina (3,9 milhões) e o pequeno Uruguai (2,2 milhões).     Uma pesquisa da Embratur sobre o que os turistas estrangeiros consideram positivo ou negativo no país (Veja, 28.02.96) traz conclusões interessantes:     Se as demandas por limpeza, táxi e segurança são compreensíveis por si mesmas, a primeira (informações!) induz a reflexões e faz pensar na questão do Estado com negócio.     Todas as avaliações das potencialidades de Pernambuco são unânimes em apontar o turismo como uma das principais, senão a principal delas.     O que fazer, então, para ampliar a atratividade do “produto” Pernambuco para os turistas?     O “trade”, a Prefeitura do Recife e o Governo do Estado têm se esforçado para trabalhar nessa direção. No entanto, parece faltar um “algo mais”, que vá além da ação dos agentes diretamente envolvidos.     Ainda não alcançamos o que seria uma espécie de “predisposição cultural” de anfritiões, que recebem bem porque conhecem e gostam do lugar onde vivem. Ao contrário, até, muitas vezes parece que nós, pernambucanos, não acreditamos que somos um produto turístico atraente.     Que somos um estado com história e cultura vastas e suficientemente “dramáticas” para atrair os de fora. Que temos uma capital agradavelmente cosmopolita, com a melhor praia urbana do Brasil, sem os incovenientes do gigantismo do Rio, São Paulo ou Salvador. Que temos um “binário”metropolitano (Recife-Olinda) de grande beleza paisagística, unido por um Centro de Convenções dos mais modernos do país. Que temos um litoral de belas praias que apaixonam quem chega a conhecê-las. Que temos cidades serranas extremamente agradáveis, de clima especial. Que temos, enfim, muitas coisas que nos fazem, de fato, diferentes e atraentes.     O turista, pedindo informação, pede para saber, para conhecer, para ser convencido. Mas, sabemos, só convence os outros quem está convencido por si mesmo.     Não podemos esperar um novo “descobridor”! Precisamos afirmar e mostrar o que somos, e o quanto somos! Não merecemos ser, por nós mesmos, comparados, timidamente e em inferioridade, com os vizinhos!     O sentimento de pernambucanidade, que a Pesquisa Empresas & Empresários já apontou como precisando ser reforçado, se concretiza, também, na capacidade de ter uma auto imagem positiva e saber-se “atraente” para o turista, na confiança do próprio valor, no saber mostrar-se para ser visto, em poder reconhecer-se para ser reconhecido. Š

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O custo do trabalho

No Brasil, o custo total do trabalho representa para as empresas, segundo o professor José Pastore (Folha de São Paulo, 28.02.96), 102,06% a mais do que o salário direto pago ao empregado. Esse custo é composto por uma parcela de pagamento de horas não trabalhadas (66,26%) e outra de encargos sociais e trabalhistas (39,80%), os maiores dos países do Mercosul, mais do que 4,5 vezes os dos EUA. Esta realidade tem mobilizado não só a preocupação das empresas mas, também, a dos empregados como fonte inibidora da oferta de empregos no país.  Prova eloqüente disto é o acordo coletivo de trabalho, assinado em 13.02.96, entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e oito Sindicatos Patronais ligados à FIESP, com o objetivo de diminuir o desemprego na categoria, que “dispensa” a empresa de formalidades e obrigações previstas na legislação vigente, inclusive recolhimento ao governo do FGTS. Como nenhum acordo pode, legalmente, sobrepor-se à legislação maior, trata-se, este ato, de uma ação de desobediência civil que expõe a caducidade da lei. O Ministério do Trabalho anunciou que está procurando formas de tornar “legal” o acordo.  Além deste custo aparente, existem outros não tão evidentes mas que pesam e que reduzem a competitividade das empresas como, por exemplo, o índice da rotatividade no emprego de trabalhadores na indústria com menos de dois anos de serviço. A rotatividade potencializa o custo total com demissões, admissões e treinamentos de adaptação. Diminuir para níveis competitivos o custo indireto elevado do trabalho no Brasil é uma tarefa de todos, sobretudo neste ponto do processo de estabilização econômica quando o emprego passa a ser, também, a médio prazo, questão de estabilidade social.

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Por que Recife ficou fora?

    A Gazeta Mercantil de quarta-feira, 07.02.95, publicou matéria dando conta de que 13 cidades do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina uniram-se para criar a Mercocidades, uma rede de intercâmbio econômico, científico, cultural e político entre os “municípios-pólo” do Cone Sul. Da Argentina entraram 4 cidades: Buenos Aires, La Plata, Córdoba e Rosário; do Uruguai, Montevidéu; do Paraguai, Assunção; e do Brasil, 7 cidades: Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.     Por que ficaram de fora São Paulo e Recife, se o objetivo manifesto dessa rede é “oferecer respostas positivas às oportunidades e demandas que se apresentam às cidades em decorrência da redução dos entraves fronteiriços à circulação de capitais, bens e pessoas que vem sendo proporcionada gradualmente pelo Mercosul”?     São Paulo, talvez, por seu tamanho descomunal e sua peculiar vocação de grandeza. E Recife?     Seja por que razão for, essa exclusão tem impacto sobre as empresas já que, como informou a Gazeta “do ponto de vista econômico, os maiores beneficiados pelas Mercocidades serão as pequenas e médias empresas que por si só enfrentam dificuldades para ter acesso a oportunidades comerciais abertas pelo estabelecimento do Mercosul”. Prevê-se, inclusive “a implementação de intercâmbio eletrônico de informações sobre negócios, de um banco de dados sobre projetos federais, estaduais ou municipais com incidência econômica sobre as cidades e a edição de um guia de exportações, incluindo as empresas sediadas nos municípios”.     Este episódio é ilustrativo para evidenciar a mudança de paradigmas com os quais temos que nos habituar. As articulações são para além das fronteiras, envolvendo os mais variados tipos de atores e interlocutores.     Recife não fica a dever em nada a nenhuma dessas cidades mas, até agora, passou batido nessa novíssima e original articulação.     Hoje em dia, mais do que nunca, seja para estados, cidades ou empresas, não basta ter predicados e requisitos, é preciso fazê-los valer como moeda competitiva e de articulação. Caso contrário, outros, sobretudo os concorrentes, farão valer os seus, em nossa frente.

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Petrolina: o outro extremo

    Pernambuco tem uma característica geoeconômica peculiar: dois pólos extremos de dinamismo, distantes mais de 700 Km entre si. De um lado, o Recife e sua área de influência (a RMR e a Zona da Mata) e, do outro, Petrolina e o Vale do São Francisco.     Petrolina, talvez a cidade de maior crescimento demográfico do Nordeste, compreendeu a importância de explorar o seu diferencial competitivo e sair na frente, atraindo um número cada vez maior de oportunidades de negócio.     Essa característica de ter pólos extremos de dinamismo econômico precisa ser considerada com a devida atenção quando já se começa a ter clareza de que a integração (seja externa, regional ou interna) é fator decisivo para o desenvolvimento do estado.     A concepção contemporânea de desenvolvimento de uma unidade, seja da federação, seja de negócio, é incompatível com a de ilhas isoladas de prosperidade.     E esta é uma questão relevante para o desenvolvimento de Pernambuco: como integrar os polos extremos de Recife e Petrolina, considerando a distância física entre eles e a distância dinâmica deles com o espaço geoeconômico que os separa?     É interessante considerar que a distância entre Recife e Petrolina é equivalente à de Recife para Fortaleza e para Salvador, as outras duas capitais mais dinâmicas do Nordeste. Essa distância na Europa equivale, por exemplo, a quatro vezes o percurso Lisboa- Madrid e duas vezes Paris-Viena.     As pesquisas têm demonstrado que, para os empresários, o desenvolvimento das empresas de Pernambuco não pode ser dissociado do desenvolvimento do estado. Por esta razão, discutir como potencializar o dinamismo e articular ações concretas para integrar o desenvolvimento no estado é, também, uma questão de estratégia empresarial.

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Ameaça estrutural ao plano

    Ao longo do processo de abertura pelo qual vem passando a economia brasileira nos últimos anos, fomos, aos poucos, nos acostumando à expessão Custo Brasil.     Esta expressão pretende designar o preço a mais que o país e as empresas pagam pelo tempo que passamos meio isoladões do mundo.     Do lado das empresas , podem ser contabilizados como ingredientes do Custo Brasil: desperdícios, retrabalho, perdas e excesso de tempo para fazer as coisas.     Do lado do esrado, pode-se definir Custo Brasil como a junção explosiva de: (1) juros altos; (2) custos elevado da mão-de-obra; (3) incidência em cascata de impostos sobre produtos de exportação; (4) infra-estrutura de portos e estradas; e (5) telecomunicações deterioradas e caras.     Além de colocar os produtos brasileiros em desvantagem no exterior, o Custo Brasil significa um perigo tremendo, mesmo para as empresas que não exportam, porque, com a abertura da economia, coloca os produtos de fora mais baratos, aqui dentro de casa.     E se isso não fosse pouco, a médio prazo, coloca sob ameaça a própria estabilização econômica como adverte o consultor Luíz Paulo Rosemberg (Folha de São Paulo, São Paulo, 16/01/96).     Enquanto o Governo Federal tenta se desvencilhar da camisa de sete varas em que está metido para desatar o nó das reformas estruturais, as empresas, por uma questão de sobrevivência, têm muito o que ir fazendo na redução da sua parte no Custo Brasil e podem fazê-lo mais rápido.

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