Gestão

Para que falar do óbvio?

     Muitas vezes, ao se discutir um determinado assunto polêmico ou conflitivo, ouve-se alguém dizer: “não preciso falar disso porque é o óbvio”.      Falar do óbvio acrescenta algo? Vale a pena? Ou é desperdiçar palavras, chover no molhado, ou perder um tempo que nada acrescenta na resolução dos problemas?      A defesa do óbvio, que não é tão fácil de convencer, merece um desvio para uma estorinha.      Aí está um exemplo do para que serve falar do óbvio: para fazer ver o já conhecido com outro olhar; chamar a atenção para aquilo que, por demais conhecido, tornou-se invisível; “dar um close” naquilo que “desaparecera” no cenário.      O efeito é paradoxal: o óbvio só se torna óbvio quando é dito. Antes, era aquilo que se olha sem ver ou ouve-se como um ruído de fundo, sem escutar de fato.      Falar do óbvio faz aparecer o que precisa ser dito para que se possa ver o que já se sabe sob outra ótica e, aí, permite surgir o que há de novo naquilo que parece conhecido.     No dia-a-dia das empresas, não vale a pena descuidar do óbvio: um dirigente com seus auxiliares, uma gerente com sua equipe ou uma equipe discutindo seus desafios, todos precisam falar do óbvio, de todos os óbvios sobre os quais “todos já sabem.”      Um elogio de reconhecimento para alguém que sempre trabalha bem; a análise de um modo de fazer determinada coisa já estabelecida como certa; a rediscussão de uma situação já analisada; o esforço de repensar, para aperfeiçoar algo antes que comece a dar problemas, são exemplos de situações onde o óbvio costuma surgir, e deve ser explorado.      Nas empresas, como na vida de um modo geral, falar do óbvio, no fim das contas, é uma possibilidade de criar o novo com o que já se sabe, de inventar a partir da experiência, de fazer mudanças sem perder as referências do que já é conhecido.

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Empresas bem sucedidas

     A observação do desempenho das empresas que têm conseguido navegar no mar turbulento da ampliação das fronteiras e da competição acirrada, evidencia algumas atitudes comuns.           Todas parecem estar preocupadas em profissionalizar sua gestão, reduzir drasticamente os custos, ampliar decididamente a sintonia com os clientes, incentivar o aumento da produtividade, e acompanhar atentamente a concorrência.      Cada vez dá menos para confiar na sorte para obter sucesso empresarial. Aumentou o número de pretendentes a esse sucesso. A competência é um requisito fundamental. E competência é uma construção que nunca se conclui, sempre pode ser melhorada.

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Empregados empresários

    Empresas competitivas exigem pessoas competitivas.     Embora pareça óbvia, esta constatação tem provocado nas empresas, em sua preparação para um futuro de crescente exigência por competitividade, uma verdadeira revolução no modo de organização e nas relações de trabalho.     O desafio maior para os dirigentes passa a ser como transformar empregados em empreendedores, o que significa passar da condição de pensar como “operador” para pensar como “dono do negócio.”     É como disse o consultor de empresas norte americano Stanley Daves, autor do best-seller Futuro Perfeito:     O requisito-chave para essa mudança de condição é a transformação das unidades organizacionais (departamentos, setores…) em unidades de negócio com clientela (externa ou interna), produtos, custos e metas bem definidos. Isto permite uma outra forma de participação dos “novos empreendedores” nos resultados do seu negócio.     Embora sujeita a resistências e dificuldades como todo processo de mudança, essa transformação traz resultados positivos para ambas as partes.     As empresas bem sucedidas no atual ambiente de negócios (ver sobre o assunto no próximo Conjuntura & Tendências) já descobriram que o caminho mais curto, embora não o mais fácil, para o fortalecimento da competitividade é desenvolver o espírito empreendedor dos seus empregados.     Afinal, ou as pessoas fazem o que precisa ser feito porque vão ganhar com isso, ou não há força humana que consiga obrigar a um bom desempenho por muito tempo.

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Contradição não é defeito

     Geralmente, quando se fala em contradição, logo vem à mente a idéia de incoerência, confusão, falta de harmonia. Por isso, quando a opinião de alguém não está muito clara, não é difícil que seja considerada “contraditória.”      Se a contradição representa essas coisas, deve-se, então, procurar eliminá-la, logo quando surge (e, como surge!) no dia-a-dia empresarial?      Não, necessariamente.      Antes de significar incoerência, a contradição expressa oposição entre duas forças sobre uma determinada questão. É dinamismo: um lado se mobiliza para transformar, o outro resiste para permanecer como está.      Não é só de audácia que é construído o sucesso empresarial. Nem muito menos de prudência exclusivamente. A observação do desempenho das empresas bem sucedidas mostra que elas tecem o sucesso com uma fibra mista de ousadia (para criar coisas novas) e conservadorismo (para preservar o conquistado).                                                                        Portanto, não há nada de mau no fato de existirem, numa empresa, opiniões opostas (e, portanto, contraditórias) sobre opções de investimento ou alternativas de produtos a serem lançados, por exemplo. Pelo contrário, até. É muito rico e, mesmo, vital que se dê este embate. É benéfico que aflore a contradição entre ousar mais, ou menos.       Há, entretanto, uma condição para usufruir do benefício: é fundamental que as posições contraditórias não sejam paralisantes. Que haja boa vontade e senso estratégico para tirar partido do princípio ativo da contradição sem que ele, pelo excesso, envenene a competitividade.      Para isto, a experiência tem mostrado que é preciso esquecer o ideal de harmonia e de consenso na vida empresarial, estimulando ao mesmo tempo, a discussão e a contraposição produtiva de idéias.      Neste contexto, a contradição não só é inevitável como necessária para as empresas pois confronta o medo e o desejo, o limite e a possibilidade, a perda e o ganho. Só se torna incoerência para quem não quer, ou não consegue, enfrentá-la.      A empresa competitiva, numa economia cada vez mais globalizada, procura fazer de suas contradições internas, já que inevitáveis, um instrumento de ação mercadológica. Preocupa-se com o desenvolvimento da capacidade de trabalhá-las produtivamente, transformando as forças opostas em mecanismos de avaliação dos ganhos e dos riscos de suas ações mais ousadas. Isto, se bem feito, permite a conquista consequente de novas fronteiras.

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Sobreviver no mar

                  Os dois anos de Plano Real, superpostos aos quatros anos de abertura da economia do país, têm obrigado as empresas brasileiras (e, pela ausência de políticas públicas regionais consistentes, as nordestinas em particular) a passarem pela maior “revolução cultural” de sua história.     Uma informação publicada pela Revista Exame de 03.07.96, ilustra bem esta situação: “com um número menor de pessoas empregadas, a economia consegue produzir hoje 31% mais que há quatro anos”.     Para que este aumento de produtividade fosse possível, muitas empresas tiveram que se ajustar drasticamente, algumas não sobreviveram, outras tiveram que mudar de mãos e muita gente perdeu o emprego formal (ainda que quem se manteve empregado tenha aumentado seu rendimento).     Não precisaria ser tão dramático se o Governo Federal fosse mais conseqüente em sua política de desenvolvimento.     Entretanto, isto não se deu e o fato objetivo, hoje, é que as projeções com as quais o Governo parece trabalhar (ver Conjuntura & Tendências, nº 75) sinalizam para um rumo, nos próximos anos, não muito diferente do anterior.     Para sobreviver no “mar” e crescer num cenário como o projetado, as empresas terão que continuar investindo na profissionalização da gestão, na redução dos custos, no incentivo à produtividade, na qualidade dos produtos, na “sintonia fina” com os clientes e no monitoramento atento da concorrência. Š

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Intranet: o próximo passo

                              Com isso, além da revolução que está provocando nas comunicações empresariais externas, a Internet deflagrou uma outra revolução conceitual que atinge as comunicações empresariais internas.     A rigor, toda empresa que tem uma rede interna de computadores já “pagou” (na expressão de Bill Gates) pelo hardware e pelo software básico de sua intranet. Resta assumir o padrão www, onde qualquer diretório pode ser visto como uma página da Web.     Claro que isso não é fácil pois requer uma mudança cultural de certo porte. Bate de frente com a visão da informática tradicional que defende o tratamento unificado das bases de dados da empresa por intermédio de grandes sistemas corporativos.     A realidade empresarial tem mostrado, na prática, a grande dificuldade de se conseguir uma unidade corporativa proporcionada por sistemas abrangentes. Eles terminam incorporando tantas exceções que se transformam em grandes colchas de retalhos, desastrosas, caras e muito difíceis de manter.     A sacada que parece genial no conceito de intranet, por herança da Internet, é reconhecer que sua força está, justamente, em assumir a natureza redundante e quase caótica das informações empresariais (já se disse que “a força da Internet está no caos”), procurando dar-lhes não uma “disciplina” impossível mas, sim, a unidade virtual possível. Sobretudo, a facilidade de acesso, sem grandes custos de desenvolvimento.     O que está possibilitando essa revolução, que traz para o interior das empresas o mesmo modelo de páginas coloridas usado na seção multimídia da Internet, são os “browsers”, softwares de navegação que estão provocando a briga mais acirrada do momento no setor: Netscape (com o Navigator, usado por 85% dos usuários) contra a Microsoft (com o Explorer que se propõe a desbancar o Navigator).     O importante é que as empresas, às voltas com seus processos ininterruptos de informatização, atentem para a grande mudança conceitual que se esboça. Não se trata de nenhuma solução mágica, como às vezes se querem vender as novidades nessa área, mas é uma mudança para melhor que certamente facilitará a vida de quem trabalha e de quem precisa de informações rápidas e de qualidade para decidir.

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Acordo sim, consenso nunca

        Há um mito infelizmente bastante disseminado, tanto na realidade empresarial quanto na vida pública, de que é fundamental perseguir o consenso.     Quer dizer, cada um deve ser convencido, aceitar e concordar com a decisão para que ela tenha “legitimidade.”       Acontece que o consenso, na nossa realidade cultural, é impossível. Portanto, procurá-lo é perda de tempo e encontrá-lo é, quando muito, uma ilusão apenas passageira.      A busca do consenso na realidade empresarial pretende esquecer o conflito ao mesmo tempo em que superestima a cooperação.      É importante considerar que as empresas são um espaço privilegiado de exercício do jogo da cooperação e do conflito.      Cooperação para somar competências complementares (de pessoas, grupos, unidades administrativas, níveis hierárquicos) e viabilizar os objetivos empresariais.      Conflito decorrente das diferenças (de interesses, valores, estilos de gestão, percepções, maneiras de fazer e de pensar), existentes entre pessoas, grupos, unidades administrativas, níveis hierárquicos…      O conflito é condição inerente da vida humana e é inevitável de acontecer sempre que duas ou mais partes interagem.         Já que não pode ser evitado, o conflito e sua resolução podem e devem ser colocados a serviço do aperfeiçoamento empresarial.         Das várias abordagens para enfrentamento de conflitos, aquela que considera a negociação e o estabelecimento de acordos é a mais produtiva.     Através dela, as partes envolvidas potencializam sua energia e criatividade, focam sua atenção na análise do problema, explicitam suas diferenças e semelhanças, desenham alternativas de solução e, finalmente, estabelecem acordos que vão significar compromissos consistentes e duradouros.        Na busca do acordo, trabalha-se com o que é possível. Na perseguição do consenso busca-se o ideal, o sonho de harmonia que nada tem a ver com a realidade, sobretudo a realidade empresarial.     Superar a ilusão de soluções de consenso e, no outro extremo, a tentação de práticas autoritárias ou de evitação de conflitos é uma exigência da competitividade.         Entre demorar, em excesso, procurando o consenso impossível e ser rápido demais em decisões autoritárias que não se efetivarão, há o espaço possível da construção de acordos que permitam avançar.

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As empresas e a internet

                A Internet explodiu no Brasil, acompanhando a tendência mundial. Hoje, estima-se em cerca de 200 mil o número de brasileiros “plugadas” na rede (contra 80 mil há um ano atrás e uma estimativa de 1 milhão daqui a um ano).     No mundo todo, este número chega a 40 milhões dos quais, 28 milhões só nos EUA.     A estrela principal de todo esse crescimento é a Word Wide Web, ou WWW, ou simplesmente Web, que está sendo considerada o novo meio global de informação e que pode se tornar a mídia dominante dentro de alguns anos, desbancando as outras mídias tradicionais. A Web é o local da Internet onde estão se instalando as chamadas Home-pages.     Em sete meses, o número de Home-pages brasileiras passou de 800 para 4.100, das quais mais da metade são de empresas oferecendo os seus produtos.     Nos EUA, estima-se que o comércio via Internet movimentou em 95 US$ 500 milhões. No Brasil, os valores ainda são insignificantes.     Entretanto, a tendência de crescimento explosivo parece inevitável (só em termos de computadores pessoais estima-se que o mercado saltará no Brasil de 1 milhão de unidades por ano, em 95, para 4 milhões no ano 2.000).     Embora não se saiba ao certo como se comportará essa nova e desconhecida mídia, as empresas que não começarem logo a mexer com ela, para aprender, talvez fiquem com dificuldade de recuperar o tempo perdido depois. Principalmente aquelas, de acordo com os especialistas, que lidem com serviços financeiros e comércio (varejo e atacado), sejam geradoras de informações, vendam para consumidores de renda alta ou sejam espalhadas geograficamente (Revista Exame, 17.01.96).     De qualquer modo, diante desta selva digital que não pára de crescer, o importante é não ficar parado e, quem não iniciou ainda, começar a ensaiar a inclusão da empresa na rede para ir conhecendo e fazendo-se conhecer. Como utilizar melhor os recursos disponíveis e por descobrir, só o tempo irá dizer.     Um exemplo atual: o Bradesco transformou-se desde sexta-feira, 31.05.96, no primeiro banco brasileiro a possibilitar aos seus clientes a movimentação de suas contas correntes e investimentos por meio da Internet.

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Custo alto e valor baixo

    O nº 58 de Conjuntura & Tendências (04.03.96) analisou o quanto é alto o custo do trabalho no Brasil e a ameaça que isto representa, por um lado, para a competitividade empresarial, e por outro para a estabilidade social, na medida em que afeta o nível de oferta de emprego.     Esta questão tem sido objeto de controvérsias, considerando-se os números em que se baseiam as interpretações. Confrontam-se os dados apresentados pelo professor José Pastore (Folha de São Paulo, 28.02.96) com outros apresentados por Demian Fiocca (Folha de São Paulo, 14.02.96).     No primeiro, evidencia-se um alto custo total do trabalho, representando para as empresas, um acréscimo de 102,06% a mais que o salário direto pago ao empregado, composto pelo pagamento de horas não trabalhadas e encargos sociais e trabalhistas.     No segundo, destaca-se o baixo valor da hora recebida pelo trabalhador.     O que chama a atenção nesses números, são as duas faces de uma mesma realidade, ambas de efeito ruim para as empresas e para os que nelas trabalham.     Por um lado um Custo Alto para o empregador que paga, por imposição de lei, 102,06% sobre o salário direto.     Por outro, um Valor Baixo para o empregado, recebendo salários que não expressam valorização do trabalho, nem da qualidade, nem da produtividade.     O país tem uma realidade institucional que, aparentemente, proteje direitos e dá garantias embora, na prática, produza efeitos contrários.     Neste mix de salários baixos, associados a uma distribuição de renda muito ruim e legislação trabalhista muito pesada em encargos, todos saem perdendo. As empresas e os empregados, diretamente e a sociedade, indiretamente, na medida em que este conjunto contraditório influencia para baixar a oferta de empregos e aumentar os empregos não legalizados, empurrando muitos trabalhadores para a informalidade.     Caminhar para uma legislação mais flexível, com espaço mais amplo para negociação e produção de acordos pode ser um caminho menos tortuoso para produzir uma situação contrária à atual, e mais saudável; MENOR CUSTO de encargos e MAIOR VALOR do trabalho. Ou seja, empresas mais competitivas e empregados mais bem remunerados, com mecanismos que reconheçam, e premiem, os diferenciais de qualidade e produtividade. Š

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Fazer o que é preciso

    Se a luta contra a inflação ainda não está ganha. Se o câmbio e os juros continuam sendo usados como “antitérmicos” poderosos para manter baixa a “temperatura” inflacionária e anestesiada a economia, enquanto os remédios consequentes não são viabilizados. A estabilização dos preços, portanto, é uma realidade virtual que precisa, cada vez mais fortemente, sair do campo das projeções para o da concretude empresarial.     Se o Governo Federal retarda, hesita ou se equivoca no desarmamento da “bomba-relógio” que montou (tema do próximo “Conjuntura & Tendências”), as empresas não lhe podem seguir o exemplo, mesmo que pareça atraente fazê-lo ou custe muito tomar as duras medidas necessárias.     De fato, conviver com uma realidade econômica mais exigente, competitiva e sem camuflagens, tem sido pesado, custoso e, por vezes, doloroso para todos.     É possível, até, que se pense, na hora de tomar uma medida que seja extrema e necessária: “não sabia que ia ser tão difícil”.     Ter que repensar a viabilidade dos negócios, os custos, a qualidade dos produtos, o tamanho da empresa, a composição das equipes; ter que fazer cortes e mudar, extensa e profundamente o modo de “jogar o jogo”, sem perder a cabeça nem se deixar levar pela afobação, não é nem um pouco fácil.     Só que não há outra alternativa para a sobrevivência e o crescimento. Não dá para voltar atrás e instalar uma “ilha da incompetência” gerencial, cômoda, talvez, mas suicida, voltada só para os resultados de curto prazo e os ilusórios “ganhos” inflacionários.     Enfrentar o desconforto de fazer o que precisa ser feito; adotar as soluções imperativas, mesmo incômodas, com calma mas firmemente; mergulhar fundo nas dificuldades para emergir com mais competência é alternativa mais saudável que se deixar “explodir” por soberba ou hesitação.              

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