Sem pressa e sem descanso
Parece contraditório, em tempos de grandes mudanças na gestão empresarial, quando tanto se fala da urgência e da velocidade das “transformações imprescindíveis”, que se possa defender uma ação sem pressa. A questão relevante, no entanto, é que a prática tem demonstrado, quase à exaustão, que a pressa pela pressa é desastrosa. É preciso não cair na tentação de sucumbir àquilo que o poeta pernambucano Edson Regis chamou de “a pressa que aniquila o verso.” Mudar “ligeiro” na direção errada, por impulsividade ou falta de paciência, pode custar muito caro e fazer perder um tempo precioso, além de “alimentar” as reações de defesa contra a mudança necessária. Às vezes, até a ponto de impossibilitá-la, quando, finalmente, começar a ser empreendida em condições adequadas. O contraponto e o complemento da ação pensada e consciente que seja posta em prática sem pressa é que ela o seja, também, sem descanso. Ter a dose suficiente de “cabeça fria” para tomar as decisões adequadas e suportáveis em meio à turbulência do ambiente empresarial adverso e para colocá-las em prática, sem atropelos, assim como ter a dose suficiente de “cabeça dura”, mesclada com a capacidade de insistir e persistir na manutenção da rota, sem esmorecimento, são requisitos cada vez mais exigidos da direção das empresas. Inquietação para buscar alternativas e tranquilidade para pô-las em prática persistentemente: eis a receita difícil e necessária, hoje em dia, para a sobrevivência e o desenvolvimento empresarial. Afinal, é preciso ter sempre em consideração que a direção que perde a tranquilidade perde, também, a confiança dos liderados. E sem confiança e mobilização, não há futuro empresarial assegurado. “Sem pressa e sem descanso” pode ser entendido, pela gestão empresarial conseqüente, como a versão poética da expressão formulada pela sabedoria popular e anônima: “devagar e sempre”.
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