Estudos mostram que o Brasilderrapa na competitividade internacional

 
Nas últimas semanas foram publicados quatro estudos realizados por instituições estrangeiras (Banco Mundial; Fórum Econômico Mundial; A. T. Kearney; e Transparência Internacional) que mostram perda de posição relativa do Brasil frente aos seus concorrentes internacionais.
No estudo do Bird – Banco Mundial (Relatório para o Desenvolvimento Mundial 2005), o Brasil é considerado o pior país do mundo entre as 53 nações pobres e emergentes pesquisadas, em termos de atratividade para investimentos, em razão, sobretudo: (1) da alta carga tributária; (2) da instabilidade de regras e das políticas públicas; (3) do custo abusivo dos financiamentos para o setor produtivo; (4) do alto índice de corrupção; e (5) dos altos custos trabalhistas.
De acordo com o relatório de competitividade internacional de 2004 do Fórum Econômico Mundial (�ndice de Crescimento Competitivo), o Brasil recuou três posições em relação ao ranking do ano passado. Caiu do 54o. para 57o. lugar, ficando atrás de países como Botswana (45o.), Trinidad e Tobago (51o.) e Namíbia (52o.). Os principais fatores que prejudicaram o Brasil foram: (1) elevada carga tributária; e (2) altíssimos juros bancários.
Para a consultoria norte-americana A. T. Kearney, entre 25 nações avaliadas, o Brasil ocupa a 17a. colocação em termos de atratividade para investimentos externos. Com essa colocação, o país caiu oito posições em apenas um ano (estava em 9o. no relatório de 2003).
Já para a Transparência Internacional, no estudo �ndice de Percepções de Corrupção 2004, o Brasil caiu do 53o. para 59o. lugar no ranking da transparência. O país obteve a nota 3,9 (numa escala de zero a dez) em termos de corrupção no setor público.
Não se pode negar que esses rankings têm seus defeitos e deixam a desejar. Por qualquer critério que seja utilizado, colocar Botswana à frente do Brasil é uma inadequação evidente. Como salienta o jornalista Elio Gaspari, em sua coluna de 17.10.2004, Botswana é um país africano onde 30% da população adulta está infectada pelo vírus do HIV e, por conta disso, o crescimento demográfico é negativo. Destacando o quanto são descabidas algumas dessas comparações, Gaspari lembra outro ranking inadequado.
“Outro ranking, de fevereiro, informou que, num grupo de 41 países, a capacidade de empreendimento da sociedade brasileira perdeu para a de Uganda, que ficou entre os melhores do mundo.”
Elio Gaspari, jornalista brasileiro
Além disso, praticamente em todos esses estudos, têm sido incluídos, a cada ano, novos países, o que faz com que a classificação se modifique só por causa disto.
Independente dessas flagrantes inadequações, todavia, as pesquisas e os estudos, devem ser encarados como importantes sinalizações para o país. Recentemente, numa solenidade pública, o presidente Lula previu a volta do país ao grupo das oito maiores economias do mundo, posição ocupada até 1995 quando o Brasil detinha a 7a. posição.
Nesse ano, o PIB do Brasil era calculado em US$ 704 bilhões, atrás dos EUA, do Japão, da Alemanha, da França, da Inglaterra e da Itália. Hoje, depois da desvalorização cambial e do baixo crescimento dos anos seguintes, o país ocupa a 15o. posição com um PIB de US$ 498 bilhões. Em menos de dez anos viu passarem à sua frente a China, o Canadá, a Espanha, o México, a Coréia do Sul, a �ndia, a Holanda e a Austrália.
Por esta razão, apesar da falibilidade dos rankings e da apreciação do câmbio até 1995, é preciso atentar para a tendência que é de perda de competitividade, justamente, naquilo que já sabemos ruim: carga tributária; juros; estabilidade das regras; legislação trabalhista; e corrupção. E uma coisa é certa: sem competitividade internacional não há desenvolvimento que se sustente.

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