Author name: helder

Início da 3ª Revolução Industrial?

    José Inácio López de Arriortúa, espanhol, vice-presidente mundial da Volkswagem, em visita recente ao Brasil, anunciou que a nova fábrica de ônibus e caminhões que a empresa inaugurará em 96, em Resende (RJ), é o “novo patamar da terceira revolução industrial.”     Segundo ele, lá será posto em prática o conceito do “consórcio modular” que trará os fornecedores para dentro da fábrica, com seus empregados, para montar os veículos. Trata-se da radicalização do conceito de parceria na produção. Para Arriortúa isto revolucionará o processo produtivo.     Este evento dá o que pensar em termos de inovação dos processos produtivos das empresas, de um modo geral e não apenas das indústrias.     Cada vez mais torna-se necessário repensar os modos de fazer as coisas, face às novas exigências da competitividade.     Conceitos como consórcio modular e engenharia simultânea (ver Conjuntura & Tendências nº 33/95), que a Volks também está usando em Resende, são formas inovadoras e atuais de diminuir custos (para garantir preços competitivos), sem comprometer e até aperfeiçoando as características dos produtos (para manter o diferencial de qualidade) e proporcionar agilidade na produção (para assegurar atendimento adequado às exigências do mercado).

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Dá muito trabalho mudar!

    Não resta dúvida de que, hoje como nunca, mudar é condição de sobrevivência empresarial.     Entretanto, apesar das evidências, não têm sido poucas as empresas que esbarram na impossibilidade de mudar e vêem comprometidas, às vezes seriamente, suas performances competitivas.     Por que? Por que é tão difícil mudar, a tal ponto que, inúmeras vezes, chega-se mesmo a desistir no meio do caminho?     Em primeiro lugar, porque mudar significa correr riscos, o que requer principalmente, para quem está empreendendo a mudança, disposição para bancar os custos e possíveis prejuízos.     A mudança, por outro lado, mobiliza sentimentos de perda de estabilidade, de necessidade de construção de novos saberes sobre coisas que se julgavam conhecidas e consolidadas.     Estas e outras exigências transformam os processos de mudança em um permanente desafio e não existe nenhuma solução mágica para superá-lo (apesar da oferta de muitas receitas milagrosas). Isso só é possível pelo empenho e pela capacidade de agir estrategicamente, o que significa:     Além disso, a construção da mudança requer dos empreendedores um acompanhamento sistemático que permita a avaliação instantânea dos avanços e dificuldades. Isso, para potencializar e dar visibilidade aos efeitos dos avanços e ter condições, em tempo hábil, de produzir soluções para superar as dificuldades.     Embora seja imprescindível, dá muito trabalho mudar. Principalmente para o responsável pela condução do processo de mudança que é, em última análise, o empresário. Por isso, é indispensável paciência e perseverança, contar com as pessoas certas e fazer o que é preciso sem esperar mágica ou receitas milagrosas. Confiar na experiência e intuição, mas admitir que, muitas vezes, para avançar é preciso fazer ajustes na maneira de pensar o negócio.

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Os custos da estabilização

    O Presidente Fernando Henrique Cardoso foi eleito porque derrubou a inflação e só será reeleito se ela permanecer baixa. Se for com crescimento, melhor ainda.     Essa constatação é importante para subsidiar as empresas nas decisões quanto ao futuro.     A estratégia montada por FHC e a equipe econômica para derrubar a inflação, mantê-la baixa, eleger-se e, quem sabe, se tudo desse certo, reeleger-se, foi lançar uma âncora cambial que segurasse a economia com inflação baixa até a realização das chamadas reformas estruturais. Essa estratégia foi um sucesso absoluto até a crise cambial do México. A partir daí, foi lançada a âncora monetária, baseada no aumento brutal da taxa de juros e na contenção da demanda, com forte aperto de crédito.     Hoje, o governo está amarrado a uma política econômica que provoca, só com pagamento de juros, o aumento da dívida interna em valor equivalente, a cada quatro meses, a uma Vale do Rio Doce. Com isso, a dívida interna equiparou-se, em setembro, à externa (ambas na casa dos US$ 100 bilhões).     O mais grave é que está emperrado o encaminhamento das reformas estruturais que permitiram o lançamento da âncora fiscal, terceira e definitiva (baseada no equilíbrio estrutural do orçamento). A reforma tributária, a reforma administrativa, a reforma da previdência e a privatização estão andando a passos de tartaruga.     Diante deste quadro, não é possível ter clareza ainda sobre quais serão os próximos lances no caminho da estabilização. Uma coisa parece certa, todavia: enquanto não desatar o nó das reformas emperradas, o governo não terá outros recursos para lançar mão que não a âncora monetária, ainda que mitigada com juros menos “escorchantes” e crédito menos sufocado.     A esse respeito, vale a pena atentar para a previsão feita por Eugênio Staub, presidente da Gradiente, ainda em julho/95.     Para as empresas, mais do que nunca, é preciso atenção redobrada na manutenção do mercado e no funcionamento interno enxuto (severo controle de custos e do endividamento, sobretudo o de curto prazo). Talvez as condições macroeconômicas não mudem tão cedo, de forma substancial.

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Agilidade para vencer a crise

    Ultimamente, temos nos defrontado com uma realidade econômica polarizada. De um lado, deflação e reservas cambiais na casa dos US$ 50 bilhões. De outro, a maior taxa de juros nominal do mundo e uma fortíssima redução do nível de atividade.     A política econômica que tem produzido esses efeitos vem provocando, também, a maior quebradeira de empresas dos últimos anos no Brasil. O que se diz é que o resultado tem sido queda da inflação com recessão, quando o que precisamos é de estabilização com crescimento.     É preciso, entretanto, que se procure distinguir o que há de conjuntural e criticável e o que há de tendencial e permanente nesta situação.     Se, por um lado, a queda da inflação já permite a diminuição das taxas de juros e execução de políticas de crédito que incentivem o investimento de longo prazo, aliviando o sufoco financeiro pelo qual as empresas estão passando; por outro lado, embora o nível de atividade tenha reduzido, o dinheiro não desapareceu e, ao que parece, começa a mudar de mãos.     É importante observar o que diz Stephen Kanitz, coordenador da publicação Maiores e Melhores da revista Exame:     Daqui para frente, as empresas terão que ser mais ágeis, sem gorduras desnecessárias, com o mínimo de desperdícios e o máximo de produtividade por unidade de trabalho realizado.

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Fim da caça aos culpados

    Ainda é muito freqüente encontrar padrões gerenciais que enfatizam a centralização das decisões e o controle das pessoas pela via do estabelecimento de um rígido padrão disciplinar. E, quando algo não acontece como previsto, a providência é caçar culpados.     Esta é uma tendência em declínio, pois caçar culpados não resolve problemas de desempenho empresarial. Pode livrar alguns de assumirem seus fracassos e dificuldades mas não produz resultados efetivos.     Essa incapacidade de resposta se expressa na realidade concreta do dia-a-dia das organizações onde os controles preestabelecidos ficam à mercê do comando dos decisores e da obediência e submissão dos executores. Para regras “claras”, “bem definidas” e até descritas em manuais, existem práticas que não seguem os procedimentos, boicotes ativos e resistência passiva.     Atualmente, as transformações que vêm acontecendo no país, o acesso mais fácil a novas informações, o avanço da consciência de cidadania e a implantação de práticas gerenciais baseadas na terceirização, na participação (inclusive nos resultados) e no desenvolvimento da autonomia dos empregados, têm estimulado a construção de uma nova cultura empresarial.     Essa nova cultura se baseia na responsabilidade, na desconcentração do poder, nas oportunidades de participação e na negociação. O resultado da conjugação desses elementos é a construção de empresas e organizações mais competitivas e de pessoas mais responsáveis, mais comprometidas com a organização e com sua auto-realização, pessoal e profissional.     As organizações devem, cada vez mais, procurar basear sua conduta na responsabilidade, no compromisso e na negociação e, cada vez menos na culpa, na obediência passiva e na imposição. Culpa e obediência passiva causam improdutividade, mobilizam boicotes silenciosos e, o que é mortal, induzem a perda de competitividade em ambiente de acirradíssima concorrência.

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Futuro X Competitividade

    Na semana da pátria, dois acontecimentos chamaram a atenção sobre o futuro do país e a sua inserção competitiva no cenário internacional; o lançamento do plano plurianual (PPA), pelo Presidente, na Terça-feira 09.09.95 e a divulgação do Relatório de Competitividade Mundial, na Suíça, Quarta 06.09.95.     O PPA é o instrumento previsão no artigo 105 da Constituição que fixa as diretrizes e metas da administração pública federal para os investimentos e programas de longo prazo. O PPA do governo Fernando Henrique (1996-1999) é talvez o mais ambicioso plano de desenvolvimento nacional desde o Plano de Metas de JK e do PND do Presidente Gelsel, diferindo destes, no entanto, conforme o Ministro José Serra, porque “não se baseia na expansão do déficit publico.” O PPA transforma o programa do candidato FHC num plano que prevê uma ampliação de recursos em quatro anos que, segundo o próprio Presidente, chega a “quase R$ 900 bilhões” dos quais R$ 153 bilhões para novos investimentos. O PPA incorpora uma visão atualizada de desenvolvimento que prevê a substituição dos pólos setorizados pôr eixos regionais de desenvolvimento, dentre os quais inclui-se a Hidrovia São Francisco – Ferrovia Transnordestina, com o ramal Petrolina – Salgueiro – Suape de importância capital para o desenvolvimento de Pernambuco.     Por sua vez, o Relatório de Competitividade Mundial é uma publicação anual do Fórum Econômico Mundial e do Instituto Internacional para Gerenciamento do Desenvolvimento, baseados na Suíça. Na publicação deste ano, o Brasil figura em 37º no “ranking” que reúne 48 países. A classificação é feita com base em 378 itens, gerenciamento, ciência e tecnogia e recursos humanos.     Para as Empresas , em meio à conjuntura desafiadora em vivemos, tanto o lançamento do PPA quanto a publicação do relatório de competitividade fornecem elementos para pensar o futuro, com um olho na competitividade e outro no desenvolvimento do país e seus próprios.     Sintonizada com essas exigências da atualidade, a Pesquisa Empresas & Empresários 95-96 (Ano 6), a começar agora em setembro, elegeu o tema Pernambuco – Uma Visão de Futuro, abordando a Estratégia de Desenvolvimento do Estado e a Competitividade das Empresas em Pernambuco.”   Š

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Bravo! Aplausos para todos

    A revista 0Km, da Editora Globo, publicou uma matéria sobre o lançamento, na Europa, de dois novos modelos FIAT, neste mês de agosto em Turim, Itália: BRAVO e BRAVA.      O que chama atenção é o modo como esses novos modelos foram projetados.     Para assegurar um diferencial de qualidade e ganhar competitividade, num mercado cada vez mais acirrado, a montadora adotou um processo denominado “engenharia simultânea.”     O projeto foi elaborado com a participação conjunta de estilistas, engenheiros, operários da fábrica, fornecedores de autopeças, concessionários e uma amostra do público ao qual se destinam os carros.     Com a participação de todos esses interessados, o projeto tem muito mais chances de êxito: é o resultado dessa engenharia simultânea, já adotada em outros modelos.       Este exemplo, dado pela indústria automobilística, reforça o entendimento de que a participação e a negociação dos diversos interesses envolvidos num empreendimento, de qualquer natureza, desde o projeto, ajuda a assegurar seu êxito.     Num ambiente de competição crescente entre as empresas, as equipes de trabalho, em todos os níveis, os fornecedores e os clientes não podem mais ficar fora das decisões de mudança e de novos produtos.     É preciso encontrar maneiras criativas de conseguir essa participação. Não é fácil, mas os resultados compensam.

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Resistir não é defeito

    Hoje, é praticamente uma exceção encontrar empresas que não estejam fazendo algum processo de mudança ordenada (intencional ou gerenciada): programas de qualidade, participação em resultados, informatização, etc.     Pode-se dizer: é óbvio que, se todos mudam, é porque vem sendo necessário e todos sabem que é preciso mudar. E é.     Pode-se dizer, também, que se todos sabem que é preciso mudar, ninguém vai resistir às mudanças. Mas, aí, já não é.     De fato, o mais adequado é dizer: tudo o que existe, resiste. Mas, por que resistir, se é imperativo mudar?     Por tudo isto, resistir à mudança pode ser sinal de vida, de desejo afirmativo, de capacidade de luta, de dizer “não” para poder fazer melhor. Resistir só é problema quando é, principalmente, pretexto para a acomodação e para a paralisação. Quando é argumento “falso” ou reação “mascarada” para evitar que a mudança aconteça.     Se a resistência não é defeito, não se pode usar a constatação da resistência como forma de acusação.     Quem gerencia um processo de mudança precisa, antes de tudo, compreender por que as pessoas estão resistindo e entender se a resistência, ao invés de ação contra a mudança, não está sendo uma forma “saudável” de ser contra o que há de inadequado na forma como a mudança está sendo feita ou conduzida.     Afinal, mudança se faz com as pessoas e não contra as pessoas. Transformar as resistências em alianças é uma arte e uma sabedoria do gerenciamento competente.

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Com a sobriedade necessária

O desenrolar dos recentes acontecimentos no Sistema Financeiro permite concluir que se não fosse a imperiosa necessidade de estancar a sangria do Banco Econômico (que atingiu mais de R$ 3 bilhões), o Banco Mercantil não teria sofrido intervenção do Banco Central, uma vez que vinham sendo feitas negociações e buscadas outras soluções para as dificuldades existentes, sem que fosse preciso chegar a este extremo. As duas realidades são completamente diferentes e querer tratar como se fosse uma coisa só não ajuda a resolver o problema enfrentado pelo Banco Mercantil, pelo Estado de Pernambuco e pelos correntistas particulares e empresas que estão passando por difíceis situações de caixa, algumas dramáticas. Na adversidade, as lideranças políticas e empresariais de Pernambuco estão, mais uma vez, evidenciando que o Estado não só mudou como o está fazendo na direção mais adequada às exigências atuais. Do Governador Miguel Arraes ao Vice-Presidente Marco Maciel, passando pelas lideranças políticas da situação e da oposição; dos acionistas do Banco Mercantil às lideranças empresariais, passando pelos correntistas atingidos; tem-se procurado negociar soluções com a sobriedade que a gravidade da situação permite, sem gritarias, bravatas, chantagens ou jogos de cena. Esta é uma marca de Pernambuco: discrição para tratar seus problemas e pensar suas soluções. E, desde que não se misture à timidez, isto não é mau. Pelo contrário, é imperioso transformar esta característica cultural em vantagem competitiva do Estado, aliando-a à seriedade, à competência e à articulação, para além dos partidarismos.  É uma pena que isto fique evidente em situação tão adversa, que torna difícil perceber a nitidez dos avanços. Temos um mundo novo pela frente, um estado inteiro por construir e um patrimônio de Pernambuco por resgatar. Não levantaremos a intervenção do Mercantil nem reverteremos o quadro de declínio econômico do Estado sem que haja articulação efetiva, seriedade e disposição empreendedora em torno dos interesses de Pernambuco. Não é fácil nem será rápido, mas tem que ser com sobriedade e sem estrelismos. 

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